Quando um muda e o outro não




Fim de relacionamento nunca é fácil, mas, é como dizem, há um mundo inteiro para se conhecer aí fora. Para mim chegou a um ponto que não teve jeito. Eu terminei com ela... Britney Spears. Mesmo que ela não saiba, para mim, deu.

Dei os sinais e, claro, fiz a minha parte, não se corta uma pessoa da sua vida sem antes tentar, ainda mais alguém por quem já fomos apaixonados, com que nos divertimos tanto, uma pessoa que já amamos.

Mas toda relação depende das atitudes dos dois, certo?

Depois de mais de 20 anos juntos, deixei de seguir a princesa do pop que, para mim, ainda recebe essa coroa por sua relevância no passado e piedade da cultura pop deste presente, pois, convenhamos, Britney há anos não deixa a sua marca em nada, exceto sua residência de shows em Las Vegas que abriu portas para outros artistas de gerações mais novas, como Lady Gaga. Depois disso, anunciou uma segunda tour na cidade do pecado e... Desistiu.

Desistir é acabar com qualquer namoro, casamento, amizade. Deixar de tentar é abrir mão do compromisso.

Quando um deixa de se esforçar, fica difícil o outro segurar as pontas. Podemos tentar, o cenário pode mudar, mas eu acredito em um prazo, um limite para que as coisas realmente melhorem. Se não, obrigado por tudo.

Quem diria que um dia minha ex cantou “You better work bitch” (“é melhor você trabalhar, vadia”). Agora não é vadia, perdeu aquele fogo no olhar, e nem trabalha.

Trata-se de mais um exemplo daquela certeza que eu tenho sobre relacionamentos duradouros: as pessoas mudam e o desafio é manter a sintonia e mudarmos os dois juntos.
A mulher que já me inspirou se mostrando ao mundo, resolveu ir para casa. Vive (ou tenta) de Instagram. Posta vídeo pintando quadrinhos infantis, se exercitando de biquíni, foto com o namorado, mais biquíni enquanto se alonga, pilates a céu aberto, vestindo adivinha o quê?

Para mim, Britney deixou de se bastar. Todo mundo que se autoafirma demais, como com fotos aos montes de biquíni ou cueca ou academia para mostrar saúde e sensualidade é porque não lida bem com as brochadas da vida e suas gordurinhas emocionais.

No lugar dos palcos, Britney se esconde atrás dos filhos, do namorado, em uma vida que escolheu para não se arriscar e, como sabem, quem não se desafia não sai do lugar. Criativamente, ela morreu. Estagnou.

É aí que você olha para a pessoa e perde a admiração. Começa a pensar se esse relacionamento faz sentido e em que ele te acrescenta.

Ano passado reencontrei outro caso que durou anos. Com apenas um ano de diferença de idade da Brit, a linda Sandy continua inesquecível em mim. Linda – já falei, né? – talentosa, uma voz só sua e que não parou. Arrebentou em shows com seu irmão em um presente para nós que sempre vamos admirá-la, não por seu passado, mas por sua dedicação e, principalmente, paixão pelo o que faz. Isso, sim, é admirável! Ela também desacelerou, teve seu filho, mas nunca deixou de criar.

Aos 60 anos, Madonna está em turnê e lançou um dos seus melhores álbuns, cheio de sua essência e propósito. E se tem alguém que poderia deixar de se interessar por qualquer movimentação nessa vida, é essa mulher.

Eu acredito que com tudo o que a gente se relaciona é porque temos o mínimo de afinidade. São pessoas que carregam um pedacinho de nós, algo em comum.

Nós dois perdemos esse elo. De repente, Britney Spears não se encaixa no meu presente e não será parte do meu futuro. É complicado ter ao nosso lado, dia após dia, alguém que só andou contigo no passado.

Vou guardar os CDs e DVDs, mas nossa relação não chegou ao streaming. Torço por ela enquanto entendo o que realmente faz sentido para mim e sei que, nossos ídolos, amigos, pessoas com quem nos relacionamos, nem sempre serão os mesmos.


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