Pela jornalista e tradutora,
Viviane Martines Riitano
“AS NOVINHA TÃO SENSACIONAL”, OK, OK, OK! Você não gosta de música
sertaneja. Mas, ao contrário do que possa parecer este não é um texto sobre a
música sertaneja tão discutida, consumida e depois de algumas doses de
“qualquer coisa alcóolica” cantada até mesmo pelo mais erudito dos humanos.
Ao menos aqui no interior de São Paulo, quase ninguém passa pela vida sem ter
cantarolado um “Boate Azul” pelo menos uma vez.
Este texto é mesmo sobre o
PLURAL. Pedro Paulo e Alex nos trazem esta canção que, se você
abençoadamente ainda não ouviu, gruda ao seu cérebro e vai aos poucos torturando
a sua sanidade até que você se pegue cantando o refrão. E, apesar do seu
Mestrado, Doutorado, Phd em Gramática da Língua Portuguesa você invariavelmente
vai cantar “as novinhA tão sensacional”.
Nada contra a dupla que, aliás, canta muito bem, e muito menos contra a
música sertaneja em todas as suas facetas que eu adoro. Mas, cantar
corretamente “as novinhas tão
sensacionais”, não ia fazer diferença à sonoridade, rima e coisas afins e,
evitaria que gente como eu ficasse tão incomodada.
A canção reflete como grande parte da população fala no seu cotidiano e
por ser a expressão artística de alguém deve sempre ser livre. Sei que muitos
de vocês vão dizer que arte mesmo é o que Chico Buarque brilhantemente escreve
e o que Maria Bethânia interpreta como um anjo, mas não se pode ignorar a arte
que é consumida por milhões de pessoas e que expressa o universo delas. Por
mais que se goste ou não e como tudo na vida devemos respeitar. Mas, ao
escrever a canção um pouco mais de cuidado poderia não apenas a enriquecer como
também ajudar a perpetuar na memória coletiva o correto. E se você agora está dizendo que lugar de aprender
Português é na escola e que o responsável por isso é o Governo e não uma dupla
sertaneja – Parabéns! Eu concordo e sei o quanto isso me custa em impostos; mas,
nossa triste realidade ainda é a de um país que se educa pela novela das nove e
mais recentemente pelo Whatsapp e pelo Facebook onde recebemos
todos os dias mensagens que denunciam nossa falta de conhecimento daquilo que
nos une como nação – a linda Língua Portuguesa.
Eu sei que é difícil. Tenho sofrido há anos tentando aprender Português
e ainda não consegui. Porém, me esforço e meu apelo não é pela perfeição, muito
menos tento julgar aqueles que por vários motivos não sabem falar e escrever
bem. Meu apelo é pelo “bem feito”.
“As novinha tão sensacional” é um sucesso tão grande que já atingiu os
programas de auditório, a internet e o rádio há muito tempo e a mensagem ao
público é clara:
“Por que estudar quando uma canção com um erro tão tosco atinge sucesso
em tão pouco tempo levando os seus autores a ganhar dinheiro quando meu
professor ganha salário de fome falando um Português perfeito?”
Bem, daqui a 50 anos Pedro Paulo e Alex (caso não façam nenhum trabalho
diferente) provavelmente serão esquecidos, mas Camões continuará sendo Camões,
Machado de Assis ainda será leitura obrigatória e Chico Buarque brilhante e
quem sabe seu professor não ganhará salário de... Pedro Paulo e Alex?
Mas, se esse argumento não lhe faz cócegas a matéria publicada recentemente
pelo site G1 da Globo poderá ser um pouco mais persuasiva. Logo na manchete
somos impactados pela informação que diz que 37,9% dos candidatos a estágio são
reprovados por falharem no idioma e 60,16% com idade entre 14 e 18 anos foram
desclassificados em suas provas. Isso mesmo, mais da metade.
Portanto, mesmo que você não seja lá muito fã dos livros, da poesia ou
até mesmo dos estudos saiba que há um mercado de trabalho ávido por gente que
busca e preza por excelência, e de trabalho todos nós precisamos.
IMAGEM
http://og.infg.com.br/in/20010101-c35-cf2/FT1086A/420/Erros-do-portugues-A.jpg
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*** Deliciosa colaboração da amiga talentosa, quem se dedica toda semana a me fazer aprender espanhol – enquanto eu pareço um retardado tentando falar o idioma: a Vivi. Muito obrigado pelo texto, minha lindíssima. Você manda bem demais em tudo o que você faz. Que a gente sempre se borre de rir. O Caneca também é seu!
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