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O que nos motiva aos pequenos ajustes em nossas vidas e quais efeitos isso pode ter sobre nós? |
Meu
pai teve uma infância muito simples – aliás, meus pais tiveram. Eu também, com
um pouco mais de conforto. Durante parte da minha, meu pai me dizia para
guardar as meias usadas para ir à escola dentro dos tênis para usá-las mais uma
vez no dia seguinte. “Não precisa colocar para lavar, você só usou uma vez”.
Coisas de sua criação. Logo que descobriu, minha mãe me ensinou a lavá-las
sempre que usadas – que fosse uma única vez.
Hoje
não uso o mesmo par de sapatos duas vezes seguidas para não dar chulé, acumular
umidade. São pequenas coisas que aprendemos com alguém, lemos em algum lugar ou
simplesmente experimentamos por conta própria e descobrimos maravilhas.
Pequenos ajustes que nos tornam novas pessoas.
Este
ano, pela primeira vez, mandei todas as minhas únicas cinco calças para serem
feitas suas barras. Nunca sequer havia pagado uma que fosse. “Imagina, cinco
reais? Pra quê? É só dobrar”, pensava quando adolescente. Em uma tacada só gastei
noventa reais. Gastei? Ficaram ótimas. Perfeitas. Até os calçados – que agora
recebem talco próprio para eles quando necessário
– paracem ter ficado mais interessantes.
Não
acreditava na comentada “crise dos sete anos” até que percebi que minha relação
com ele se desgastou. Meu cabelereiro e eu não tínamos nem mesmo novos assuntos
durante o corte mensal. Quantos meses se foram? Quantos cortes? – discretos e
para mudanças de visual. Simplesmente não fazia mais sentido estar ali, na
mesma cadeira, com a mesma capa em volta do pescoço.
Com
uma simples busca na internet, encontrei um novo lugar, experimentei e me
identifiquei imediatamente. Era exatamente o ajuste que buscava para os meus
curtos fios. Voltei a me apaixonar pela ida ao cabelereiro. Será possível?
Há
coisas que não precisam ser escritas nem ditas. Se entendermos e guardarmos
conosco pode ter melhor efeito. Escrevo este texto acompanhado de uma caneca de
sorvete de chocolate. Outra descoberta recente, depois de experimentar várias
formas de “bem-estar” para escrever.
Será
apenas meu estado de espírito? Pois até o desodorante que estou usando é uma
nova experiência e parece me fazer bem de alguma forma. Um tipo que não
compraria mais em supermercados.
Pode
ser que o pacote de pequenos ajustes tão simples feitos ao longo dos dias seja
o feliz responsável pela serenidade. É só ajustar.
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