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Solto a embreagem aos poucos e sempre que preciso, peço referência porque é preciso prática |
De repente, estou pedindo referência.
Confio em mim, mas nem sempre adianta se não há experiência.
Lembro-me de quando comecei as aulas, ainda
teóricas, para conseguir a minha habilitação para dirigir. Nunca antes havia
subido em uma moto para conduzi-la. Até então, sempre era o passageiro. Em
carros, idem. Não conhecia a sequência: embreagem, marcha e acelerador –
soltando a embreagem devagar para o carro não “morrer”.
E quem te ensina a soltar a embreagem no
tempo certo? “Vai aos poucos, Matheus”, ensinou meu pai. Ele também me disse
que a embreagem muda de um carro para outro. “E como eu faço se o que usarei no
dia do meu exame for diferente deste?”, perguntei. “Tem que sentir o carro,
conforme você tirar pé da embreagem”.
Tenho soltado devagar esse pedal. Bem aos
poucos. Esperando ter a falha certeza de que o carro não vai “morrer”. Segurando-me
no acelerador mesmo que eu saia com meu veículo aos soquinhos, engasgando, soluçando...
Compensarei ali na frente, quando pegar o jeito.
A falta de referência é terrível. E para
algumas coisas não se compra. Como é com o amor. Nos faz achar que sabemos como
fazer. E eu amei de verdade somente uma vez. Pé na embreagem. Não tenho passado
da primeira marcha. Só dirigi um carro. Levou tempo para entender a troca de
pedais para que ele saísse bem. Ainda mais tempo para estacioná-lo de forma experiente,
com calma. Então, fazê-lo parar, sem “morrer” e me pegar de surpresa.
Solto a embreagem aos poucos e sempre que
preciso, peço referência porque é preciso prática. Bobagem quem diz que algumas
coisas funcionam como andar de bicicleta. Que, quando se aprendem, saberá fazer
para o resto de sua vida.
Ande em apenas uma bicicleta e então
experimente a vida sem essa. Anos depois, suba em outra. Coloque-se em uma
enorme descida e tente fazer aquela curva fechada. E ainda pode haver areia no
chão.
Viver sem referência é se expor ao extremo.
É a fita cassete ainda sem gravação. Só nos resta o que já conhecemos e o botão
“Pause” que segura o “Rec” antes que a coisa toda comece a rodar. É a embreagem
que segura o carro até que você o faça sair.
Uma referência. Tenho o botão e o pedal.
Comentários
onlyb13.blogpost.com
Será que mais alguém nos acompanha nesta da bicicleta? rs rs
Beijo e uma ótima semana pra você.
Excelente texto Matheus!
Hey! "A prática de soltar a embreagem aos poucos é o termômetro de que finalmente encontramos um pouco do equilíbrio", excelente.
Obrigado pelo comentário, Marcius. Ótimo tê-lo por aqui.
Abração.