Muita gente já o conhecia. Eu não. Eu era
muito jovem, começando o colegial quando vi o Luis pela primeira vez. A
princípio, nada de mais.
Nosso lance começou quando ele passou a me
falar sobre a vida. Cara mais velho. Na dose certa. Encantador. E o senso de
humor? Peguei gosto pelo seu jeito.
Lance de adolescente. Aquele ânimo que eu
não sabia o quanto iria durar. Mas me fez muito bem. O Luis me motivou a tantas
coisas... Apesar de ser mais popular que eu, me fez sentir como se eu e ele
fossemos o ápice da afinidade. Foi como se nunca antes ele tivesse feito
qualquer daqueles comentários para qualquer outra pessoa. Me apaixonei e não me
via mais sem ele.
Nos encontrávamos de tempos em tempos.
Nunca conversamos sobre isso, mas a monogamia simplesmente não acontecia.
Definitivamente não era para a gente. Mas sempre que estávamos juntos era novo
e do mesmo jeito. Tão bom e tão igual de tão gostoso.
Nossas conversas varavam a noite. Não sei
se ele sabia, mas estava o tempo todo comigo. Eu pensava tanto sobre o seu
jeito de cativar tanta gente. E este seu humor? Já falei?
Com o passar dos anos, conheci as várias
possibilidades do Luis. Ele falando sobre a vida dos outros com seu olhar sobre
os casais é sensacional. Em assuntos tão tensos, como a traição, ele
simplesmente aliviava aquilo tudo entendendo sem neurose a natureza tosca do
ser humano.
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Livro "Amor Verissimo", de Luis Fernando Verissimo |
E, como todo relacionamento, meu querido Luis Fernando Verissimo se
tornou previsível para mim. Ainda acho gostoso ouvi-lo, mas seu olhar sobre as
coisas já não me surpreende. É confortável, sim. Mas já não é pra mim. Acabou a
novidade.
Seus amores verissimos não me convencem. E
pensar que eu já fui um deles.
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