Está chique ser cafona |
Assisti a um treinamento de “Análise e
avaliação de observação analítica para avaliar” – ou algo assim, que diz muito
para a contratação do palestrante soar mais cara do que já é – em que o fofo
que apresentava era igual aos outros cinco que vi nos últimos dois anos e
parecidíssimo com os outros vinte e oito especialistas que eu evitei presenciar.
Terno, gravata e um vocabulário que só possui quem está interessado em falar
mais do que oferecer.
Vamos fazer um “Questions and Answers”,
analisar pelo 5W2H, então você aplica os 6Ms – que então podem ser 7 ou 19Ms
para se ter mais certeza do resultado – e o que se obtém desta avaliação com
subconsiderações analíticas é que não apertaram o botão de ligar na máquina. Gente,
será que só eu acho isso realmente um excesso? Tosco.
Definitivamente santo de casa não faz
milagre. Pelo menos não até o santo de fora prometer e falhar. Nunca vi um
consultor se apresentar como ex-office boy. Você já? Nenhum diria que trabalhou
em uma locadora ou no Mc Donald’s. O cara diz ter 31 anos e 29 de experiência em
Business Negotiation Megadrive Hot-dog Plus Doc. Oi?!
Para mim, ensina aquele que pega para fazer
de forma que até a minha tia poderia aprender. Para mim, aprende mais aquele
que sabe observar.
Em uma reunião, eu e mais três colegas
fomos apresentar os trabalhos que tomamos conta para um novo gerente. A uma
hora que tínhamos divido para quatro pessoas não deu. Estouramos falando em-lou-que-ci-da-men-te
tudo o oferecemos em tom de “a gente é foda, viu?”. De repente me dei conta do
quão tosco aquilo estava sendo. Então perguntei: “e você, conta um pouco sobre a
sua experiência e qual vai ser o seu trabalho aqui para que a gente possa te
atender”. No final! Primeiro nos gabamos de todos os procedimento e geração de
resultado e workflow na estratégia de business in and out, scream and shout,
para DEPOIS – talvez – descobrir que o cara não precisa de nada daquilo.
É difícil. Vicia. Se não se der um murro –
porque tapa não vai resolver – na própria cara, já era.
Empresas estáveis foram criadas sem a Análise
Swot e, acredite, esses empreendedores não eram débeis mentais a ponto de não
saberem o que era correr risco ou identificar uma oportunidade. Demorei um semestre
para descobrir o que era Benchmarking. Primeiro por preguiça de procurar por já
achar o uso do termo tosco e segundo por pensar que se tratava de algo que eu
precisaria de mais duas encarnações para compreender. Agora me diga, marcar de
tomar um café para saber como outras empresas encaixotam seus produtos precisa
ser pronunciado assim?
Duas, doze, quinze vezes me indicaram
profissionais mega-fodas-blasters-dancing-with-the-stars para contratar e eu
pensei, “Nossa, mas é qualificação demais para uma vaga de assistente”. Quando
se conhece de perto, a tal pessoa não sabe passar um trabalho na frente por ser
mais urgente porque aquele anterior já estava no planejamento para resultados
com variáveis para serem atingidas nos próximos dez anos porém de ação
imediatista nível urgência de três milésimos de segundo. Esquece um e faça logo
o outro depois retoma, gente!
Quando na faculdade de Jornalismo, nunca
pensei em ir para a capital. O que mais se ouvia era “É lá que as coisas
acontecem”. Uma amiga fez marketing. Foi. Entrou no departamento de marketing de
uma grande empresa. Ficou menos de dois anos e voltou chorando aceitando até
empacotar compras no supermercado Rede 10.
Oqueeei... Então o trabalho é puxado na
capital, tanto que só trabalham os Pica-das-galáxias por lá. Que nada.
Anos atrás eu me preparava para conversar
com alguém que trabalha em São Paulo ou no Rio como alguém que vai dizer o que
pretende da vida para o Barack Obama. Bo-ba-gem.
Na capital ou não, qualquer um pode ser tão
bom quanto ou melhor. Muitas vezes melhor só de não ter a pompa de chamar de
Conference Call o bate-papo por telefone para saber o que há de trabalho. Em
vez de “pessoal, evite decote e camiseta regata”, o que se usa é “Atente-se ao
Dress Code”. Boring!
Para mim expressão em inglês é para as
zueiras dos gays. Ali sim soa bem, soa real, faz sentido. Entendeu, bitch? O resto
só faz de tudo igual a tudo, raso, sem graça, forçado, falso – ou fake.
Comentários
Ó, gente que fica o tempo todo querendo falar difícil só quer esconder o quanto é raso na coisa toda. Aproveita que as pessoas têm medo de perguntar "não entendi, traduz em português agora" e se esconde atrás de jargões, siglas e estrangeirismo.
Você não, você é essa coca-cola toda mesmo, bitch.