Só desisti de dois livros
até hoje antes de terminá-los. Estou entregando o terceiro: “Por onde andam as
pessoas interessantes?”, uma coletânea de crônicas de um tal Daniel Bovolento,
publicitário com um monte de participações com seus textos em sites e presença
em (muitas) redes sociais. Vai para a gaveta. Mentira, volta para o meu
namorado. Eu mesmo comprei para ele depois de comentarmos o quão legal poderia
ser com esse título e o cenário de “é difícil conhecer alguém que valha a
pena”. Comprei interrogação por afirmação.
O cara não questiona se há
pessoas interessantes aí fora ou não. Naturalmente não tem nada para falar
sobre o assunto. Apesar do nome e do trecho da crônica com o mesmo título
colada nas costas do livro, Daniel fala de amor e mais amor, sem dúvida de que
amores estão aí aos montes para serem escolhidos. Irritante.
Meu namorado leu e adorou –
mas ele vai para o céu. Já eu... Das 189 páginas, eu parei na 111. Insisti. E é
exatamente como este número que Daniel coloca um-a-mor-a-trás-do-ou-tro em
seus textos. Ora histórias que ele viveu, ora em que ele se passa por mulher e
sei lá o que mais em fantasias entre casais que promovem o quê? Love. L’amor. Um cafona.
Fiquei pensando como
alguém pode falar tanto sobre o assunto e todas as vezes se incluir no “te
conheci e passei a te amar”. São qua-ren-ta-e-cin-co-crô-ni-cas! Em to-das ele ama alguém.
Será que existem pessoas que encontram o amor tão facilmente, sem intervalos? Impossível. Será que tem gente que ao menor sinal de carinho acredita estar amando? Bem provável. Ou ainda que tem gente com muita facilidade para fantasiar amores a ponto de escrever sobre eles como se fossem verdade? Definitivamente.
Será que existem pessoas que encontram o amor tão facilmente, sem intervalos? Impossível. Será que tem gente que ao menor sinal de carinho acredita estar amando? Bem provável. Ou ainda que tem gente com muita facilidade para fantasiar amores a ponto de escrever sobre eles como se fossem verdade? Definitivamente.
Eu conto dois amores. Três, talvez. Aos 28 anos? Teria muito o que correr com o álbum de figurinhas do tal
autor para completar o meu. Amor pede tempo para crescer e se firmar. Amor é nome com história, não números de histórias.
Talvez por isso tenha rolado para mim: por não esperar nem fantasiar com o amor. Talvez o crédito seja do medo que eu sempre tive de achar que estava amando algo que não era verdade, de chegar a tal ponto de carência que ao menor “De que música você gosta?”, eu achar que encontrei um amor.
Talvez por isso tenha rolado para mim: por não esperar nem fantasiar com o amor. Talvez o crédito seja do medo que eu sempre tive de achar que estava amando algo que não era verdade, de chegar a tal ponto de carência que ao menor “De que música você gosta?”, eu achar que encontrei um amor.
O meu amor é meu. Esse na
verdade deve ser o maior filtro para algumas coisas externas não virarem falso
amor para mim. O quanto nos amamos pode ser uma boa régua para amores de fora darem
certo ou não, serem reais ou ilusão.
Se cuidarmos para a gente
ser interessante, com certeza vão pintar pessoas interessantes e, desculpa
Daniel Bovolento, mas quem ama com tanta facilidade está longe de ser uma
delas.
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