Acho que homem que sabe dançar nunca é
o marido da mulher que gosta de arrastar seu salto alto pelo salão. Toda esposa,
noiva, namorada reclama que seu parceiro não dança. Até aquela casada com um pé
de valsa é capaz de soltar um “Ele dança, mas logo cansa”. Pior: há quem perca
as estribeiras pelo cara só dançar com “as outras”.
Uma amiga passou uns dias no Rio de
Janeiro e tocou se meter no ensaio de uma escola de samba. E dá-lhe samba! Ritmo
que também se dança a dois. Mas que homem acompanha isso? Ela encontrou um. Que
sorte! Rodopiou a noite toda. Só estranhou uma coisa: o rumo para onde o seu
sambista olhava na quadra.
Enquanto a Cinderela teve até a
meia-noite para aproveitar o baile com o príncipe, minha amiga teve até a
vontade do namorado de seu parceiro de dança em querer voltar para casa. Homem,
dançando bem... Gay. Não que seja bem gay. Mas gay.
Sem preconceito! Mas via de regra é o
que vemos e ouvimos. Uma maioria. Aquele cara hétero sabe dançar? Claro que
sim. Aquele da minoria. Uma amostra da sociedade bastante disputada. A tapas e
puxões de cabelo. Filas e filas de mulheres que esperam ser chamadas para a próxima música.
O clichê “Não se pode ter tudo” nunca
esteve mais em alta. E se mulher conhecer como é o companheirismo de estar com
outra mulher, pode ser o fim dos relacionamentos héteros. A mulher que prioriza
carinho, surpresas, um bom papo, ele ser engraçado, antenado, que conheça seus
gostos para um belo presente, estiloso, que não dispense um bom perfume, que
não peide nem arrote na sua frente, que ofereça sexo com massagem, massagem com
sexo – tem que ter a massagem! – e a parceira sempre em primeiro lugar, tudo em
uma só pessoa, deve, definitivamente, imediatamente – largue este texto e corre
– considerar um relacionamento com outra mulher. Ou com um homem, sim. Um homem
gay.
Quem precisa de sexo? (Eu!). Muitas
mulheres não. Engravida-se de milhões de formas. Deve ter até acupuntura
capaz de prover um bebê hoje em dia. E o prazer manual também pode ser suficientemente
legal.
Outra amiga confessou: “O que acontece
é que dificilmente homem é legal. Homem hétero. Eu raramente passo do terceiro
encontro”. Não a culpo. O papo é foda. Muitas vezes o hálito também. Mal conseguem
falar sobre um bom filme ou atores que surpreendem. Só conhecem o Vin Diesel.
Na balada chegam passando a mão no cabelo da mulherada. Eu já vi um cara se
aproximando da menina e – pasmem – cheirando suas mechas até que ela
percebesse. É para morrer solteira mesmo.
Não tenho dúvida de que a pior
encarnação é nascer mulher. Mulher hétero. Que (falta de) sorte. Lá em casa quando reúnem meu pai, meu tio,
meu cunhado e os namorados das minhas primas parecem sósias produzidos em série
com opções de penteados e alturas diferentes. Só. Ah! Os nomes também mudam.
Só. De resto, parecem hologramas de um mesmo ser.
As piadas, os filmes que acham
engraçado, os gostos musicais, o mau gosto para se vestirem. Tudo igual.
Tudo mesmo: homem hétero é capaz de
uma leveza que a mulherada dificilmente vai ter. Cuca fresca, chinelo no bar, cerveja
em vez de terapia. Troca balada pelo sofá e sofá pela balada sem precisar
planejar uma semana antes. Se esqueceu algo, tudo bem. Isso não quer dizer que não dá mais para irem ao tal restaurante. E quando estão loucos de vontade de suas parceiras,
transam (dia sim, outro também) como se nunca tivessem visto uma mulher sem calcinha
antes.
São altos e baixos dos homens, namorados, noivos, maridos. Gays e
héteros. Créditos e débitos. E cada mulher sabe o seu limite bancário para
escolher como lhe convém pagar a sua própria compra.
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