Mais
difícil que estar em um relacionamento bem sucedido é estar solteiro e bem
resolvido. Tempos atrás eu diria que ser bem resolvido sem a companhia de
alguém era colocar as mãos na cintura, lançar o seu olhar intimidador e dizer:
eu me basto.
Rumo
aos meus 31 anos e depois de um teste de internet que confirmou como sou adulto
– mesmo que quem precise fazer esses testes já seja prova de que em nada são adultos
em termos de maturidade – a vida me mostrou que se bastar por completo é o
oposto de ser bem sucedido. Ninguém recebe sem haver a troca.
O
melhor solteiro em tempos de aplicativos que oferecem de sexo fetichista até
noivado no terceiro encontro é saber lidar com as opções.
Mais
bacana que estar em um relacionamento de anos pode ser saber curtir aquele parceiro
de uma noite, de um fim de semana, e sentir-se completo por isso. Via aplicativo
ou não, as pessoas têm tudo para serem mais claras do que nunca quanto às suas
vontades. Mas quem assina a liberação para sermos assim? Nós mesmos.
Se
deixarmos de lado os joguinhos vintages “Não se Transa na Primeira Noite” e “Convidar
para ir a uma Festa com Amigos é o Mesmo que Pedir em Casamento”, os solteiros
podem viver o ápice das experiências com apenas alguns toques de seus dedinhos
de unhas bem feitas para não fazer feio.
Uma
amiga recém-chegada à solteirice conhece esse menu enquanto acha que não sabe
mais o que responder para o paquera – ou melhor, para o crush, assim eu não
pareço tão out - depois de tanto tempo em um relacionamento.
Em
um de seus encontros que sobreviveram à troca de informações pré-formatadas
como “onde mora”, “quantos anos tem” e “afim de quê”, conheceu um rapaz tão
leve quanto ela, daqueles que não se importa se os dois estiverem mais pesados
que os fitness (neuróticos, em tradução livre) soltos por aí.
Melhor
que o convite para o bate-papo em um dos bares da moda, ele a chamou para uma
noite em casa com lasanha e café da manhã.
Ai
que carente. Ai que precoce. Ai, pula fora. Ai Deus te livre!
Ai
que nada, gente. “Eu faço a lasanha para o jantar e você prepara o café de
amanhã cedo”, propôs o fofo ao saber que ela não manja muito de panelas.
Tudo
certo. Tudo resolvido. Com o simples convite, ninguém pediu ninguém em
casamento nem disse que só queria trepar. Ao mesmo tempo que a proposta
significa a vontade saudável de uma noite de sexo, conversa e o compromisso de
um fazer pelo outro, mesmo que eles estejam apenas se conhecendo. É
envolvimento na dose certa. Sem forçação de barra.
Esse
é o ápice da vida de solteiro no Cardápio de 2017 para servir perfeitamente
duas pessoas que estão dispostas a, mais que se conhecerem, curtirem algo juntos.
Garanto
que o prato serve bem. Aliás, a sugestão é uma excelente escolha também para os
casamentos que muitas vezes chegam ao divórcio por não saberem que um dos
segredos de qualquer relacionamento é um preparar a lasanha enquanto o outro se
compromete com o café. É o papo aberto para dar o apoio em vez de apontar o
dedo para dizer que o outro não sabe cozinhar. Sabe o “eu lavo e você enxuga”?
Pode anotar. Se no final a louça estiver limpa, todo relacionamento funciona.
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