O
teclado está tão macio... Só pode ser um incentivo, um sinal, uma confirmação.
Depende do que você acredita.
Quatro
semanas sem escrever, então, toda ajuda, ajuda. O teclado, a posição de marte, os
dez dias que tenho sem cobrança de juros pelo meu limite no banco.
Quem
me perguntou sobre textos novos por aqui, eu disse que primeiro eu precisava
comprar um desfibrilador para o coração do Caneca voltar a bater e depois ver o
que aconteceria.
Aconteceu
que tem coisa que não funciona com estímulo por choque. Outras que não rolam
nem com reza. Nem da mansa nem da braba.
O
clichê “Tudo tem o seu tempo” apareceu nas minhas vistas e no meu coração, como
óculos de realidade virtual com os dizeres à minha frente, como o impacto do
desfibrilador sobre o meu peito.
Neste
tempo do meu tempo, eu comecei a amar de um jeito que nunca imaginei. É engraçado
como eu imaginava que seria um novo relacionamento, com padrões e perfil bem
desenhados sobre o que me faria bem – com base nas experiências que tive,
claro, e ele me traz algo tão novo e inesperado e gostoso, que é como se eu
nunca tivesse me relacionado com outro alguém até então.
Para
mim, não sei quanto tempo durou essas semanas longe da escrita – eu digo DESTA escrita
porque no expediente da empresa que deposita meu salário, escrever acontece com
ou sem teclado macio.
Neste
tempo, eu soube que vou ser tio. Mais que isso: que serei padrinho! Entre esses
mesmos dias, eu soube que será uma menina. Vem, Olívia, que o dindo já te ama –
e amor aqui está tendo até para pagar a parte de quem anda devendo nesta moeda.
Entre
esses amor e tempo, me peguei dando palestra sobre sermos pessoas melhores na
conversa com dois amigos em nome de não perder uma relação de tantos anos e que
precisa de cuidados, de um remedinho chamado sinceridade somado ao tratamento
do tempo para ver em que nossa amizade vai se transformar. Porque nada dura sem
mudar.
Outras
duas amigas fizeram a viagem dos sonhos e eu fui presentado não só com mimos
das lojinhas, mas com o sorriso e o choro incontroláveis da felicidade de que
quem vive algo mágico.
Conheci
o namorado de outra amiga. Que charme de casal! Mais uma vez o inimaginável veio
para mostrar que há coisas que definitivamente saem melhores que a encomenda. Uma
outra amiga recebeu a definição do que até então ela e ele não conseguiam
definir no relacionamento que viviam meio às escondidas.
No
trabalho, algumas mudanças me colocaram um peso que, dias depois, se tornaram
uma nova força.
Eu
vejo claramente como, ao menos comigo, coisas acontecem em um turbilhão que nos
tira do controle, da consciência sobre elas, e, quando passam, nos colocam em
outro patamar no entendimento sobre tudo. É como um curso intensivo em que somos matriculados sem sabermos, sem concordarmos, e que não fazemos ideia quando vai acabar. De repente, estamos
certificados. Trata-se de uma atualização sem preparação.
Me
comprei uma coisa e outra. Me desfiz de algumas camisetas e de sentimentos que
só resultariam em tretas.
Neste
meio-tempo, abri o livro que estava parado ao mesmo tempo que comecei e termine
um novo um seriado. O melhor é que, em meio a tudo tumultuado, não peguei um
resfriado e sigo a cada dia reinventado.
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