Está difícil escrever sobre algo novo, enquanto algo
velho fica parado aqui em mim. Ao mesmo tempo, esta é a primeira vez que
escrevo sobre o assunto: política.
Bem, este não é diretamente um texto sobre o
assunto, mas está relacionado, pois não tenho experiência nem curto falar sobre
política. Minha maior vivência no tema foi nos anos 90 enquanto aos 8 anos de
idades, eu e meus amigos corríamos atrás dos carros de som que faziam campanha
para vereadores nas ruas, gritando desesperadamente “Tem brinde? Tio? Tem brinde?”
na tentativa de fazer o motorista parar e ganhar alguns adesivos – com sorte,
uma bolsinha de moedas para exibir para minha mãe e a minha vó quando entrasse em
casa para o banho depois de brincar a tarde toda na rua.
Comecei a escrever e o Elias (quem não conhece, descubra
em meu Insta) me interrompeu um segundo antes de ele ir tomar banho, para mostrar
a última notícia: pessoas começando a passar mal em Nova York por ingerir
desinfetante depois de o presidente sugerir para o combate ao coronavírus. Hello,
Trump?!
Muito bem. Veio mais esta, porém, o motivo de eu
escrever pela primeira vez sobre políticos é o presidente deste Brasil, Jair
Bolsonaro. Mais uma vez: este não é um texto sobre política, em vez disso, eu me
proponho a falar aqui, como de costume, sobre pessoas e comportamento.
Tudo o que eu analiso como “torto” aqui está
diretamente restrito às posturas de um ser humano que, ignorem ou não, se
tornou o maior chefe do nosso país – e, deveria ser, o maior líder (entenda “líder”
por aquele que age pelas pessoas e conquista este nome por ser exemplo para
elas).
Durante as eleições, mal acompanhei Bolsonaro. Via
ele como um doido que tentava chamar atenção com seu radicalismo, como um novo “Meu
nome é Enéééas...”.
Votei no Alckmin – o que é quase irrelevante no
contexto do que estou dizendo. Durante o
segundo turno, entre Hadadd e Bolsonaro, anulei o meu voto. Houve quem me criticou,
afinal, como muitos pensavam, “não importa se você concorda ou não com o
Bolsonaro, o PT não pode voltar”. E do outro lado: “Matheus, você tem que votar
no Hadadd para ajudar a esse louco não virar nosso presidente”.
Me mantive fiel a mim. Anulei. Eu não sou de partidos.
Não sou PSDB nem PT nem PSL. Comunismo ou capitalismo? Eu não acredito que os
melhores resultados venham de caminho radicais. Esquerda e direita? A direção
que fizer mais bem para o povo dentro do que é possível ser feito agora e
melhorado ou ampliado no futuro.
Saúde ou economia? Me poupem. Quem é limitado o bastante
para diminuir a importância de um dos dois? Escolhas precisam, sim, serem
feitas, mas de forma inteligente e, no máximo possível, personalizadas,
adaptadas. Para isso é preciso ter paciência, dedicação para conhecer todos os
lados e empatia para se colocar no lugar daquele por quem você vai decidir o
impacto sobre a vida.
Nem religião eu tenho. Acredito, converso e agradeço
a Deus, assim como me abro para me simpatizar com pessoas, de acordo com suas
posturas.
Com o Bolsonaro foi assim. Conheci, acompanhei, não
simpatizei. A simpatia que digo aqui é no sentido de ter afinidade ou no mínimo,
mesmo que eu não me veja na pessoa, confiança. Desde o começo o atual
presidente da nação não me passou isso.
Para quem simpatiza, vamos deixar de lado nossos valores
e olhar, portanto, o homem como o cargo que ele passa a ocupar. Não vou falar
de milícia e corrupção ou sei lá o que – que eu, sinceramente, me poupo de
acompanhar e entender. Vamos olhar para as posturas de uma pessoa com relação
às outras e no cenário em que este ser é a maior autoridade de um país.
Em que mundo você, sendo visto como o seu cargo te
coloca, discursaria sobre ódio e repressão? Como pode, qualquer profissional em
sua atuação, receber pessoas em seu trabalho com um humorista tirando sarro dessas
pessoas? Ir e voltar nos seus discursos e orientação, comparecer a
manifestações nas ruas em um mundo em que o mundo, o planeta Terra, não um país
ou outro, preza pelo isolamento social por motivo de uma pandemia.
Se me perguntarem se o Bolsonaro é um bom presidente
ou não, eu honestamente não sei argumentar no que é relacionado a conquistas e
melhorias para os cidadãos – o que é a principal função de um líder de governo.
Mas no sentido de comportamento de exemplo para as pessoas, ele perde para
muitos que sequer começaram suas carreiras.
Uma amiga disse que o que acontece é que ele é muito
simples. “Matheus, o Bolsonaro fala como se ele estivesse conversando em uma mesa
de bar”. Juro que eu até me permiti a dúvida sobre a minha avaliação e então novas
posturas esdrúxulas me fizeram desistir de tentar olhar assim para esse cara. E
mesmo que fosse questão de simplicidade e seu governo fosse exemplar, eu
continuaria não concordando com este tipo de postura de um suposto líder,
presidente do Brasil.
O momento é de ministros saindo, família de Bolsonaro
sendo pega em sujeira, compadres deles entrando o jogo e, sinceramente, nada disso importa mais para mim. Há uma
doença aí fora que pede para que as pessoas sejam vistas como pessoas, com
carinho, cuidado, empatia. A política do Bolsonaro, vai se resolver por si só,
assim como eu confio com toda a minha fé na lei do retorno para tudo o que ele
e cada um de nós estamos fazendo.
Esta foi a primeira vez que “militei”. Um post e
outro no Insta, nunca fui para as ruas. E escrevo porque, além de servir como
um exorcismo sobre o assunto em mim neste momento, eu acredito na transformação
das pessoas.
Aos militantes de Bolsonaro, eu entendo o desespero por
um nome e a esperança de que ele fizesse um novo Brasil depois de um momento de
escândalos e corrupções dos últimos governos. Juro que entendo. Mas hoje eu
entendo também o quanto essa ansiedade limitou a visão do todo. Os devotos se
apegaram à promessa e parte do discurso apresentado em pequenos capítulos, o
que fez com que eles não enxergassem toda a história e principalmente a fonte
que dá origem ao livro inteiro.
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