Dá teu jeito


 

Teu jeito, teus pulos, te vira! O berro que a gente ouvia dos outros – às vezes vindo de um chefe (do trabalho ou, quem sabe o seu caso, da máfia!) – virou sussurro vindo de nós mesmos.

A pandemia cortou seu primeiro bolo e milhões de bolas de muita gente metida a valente até então.

O mundo batendo cabeça para entender o que fazer. O Brasil nem cabeça tem pra bater. E a gente, cada um de nós, tendo que dar seu jeito. Beber, comer, foder, escrever, saber o que funciona contigo para você não romper. E a receita muda a cada dia. Às vezes a cada hora.

O emprego vai sumir, surgir, se indefinir. Independentemente de qual lado tomou a decisão, você sabe: alguém vai sempre ouvir ou dizer “Não”.

O trabalho vai pressionar. O cenário é de crise e as empresas precisam lucrar o máximo para manter o mínimo.

O filho vai te chamar. Pais em home office + aulas online = altas probabilidades de tempestades.

Seus pais vão se isolar. O motivo é a prevenção pela saúde, claro, porque é pecado pais e filhos terem preguiça uns dos outros. Sinal da cruz. Mas quem ainda não tinha passado pelo tira-a-teima da vida adulta, a professora Covid chegou dando reguada na mão, te botando de joelho no milho e te levando até a lousa para escrever repetidamente: “Eu sou um adulto e meus pais não são mais responsáveis por mim. Eu sou um adulto...”.

Alguns casamentos vão falir, outros vão se redescobrir e tem casal que vai experimentar abrir. Poliamor. Por favor. Pelamor, quer dizer, POR amor. 

E o mesmo vale para cada crença que, independente de qual seja, não adianta nada só fazer presença. Ainda bem que tem culto online e o Dízipix - o dízemo agora doado via Pix. Professora Covid não pestaneja: fazer o bem não precisa que ninguém veja, muito menos de enfiar dinheiro em igreja. 

Amigos vão se afastar, se aproximar, se e te desestabilizar. Tudo junto, ao mesmo tempo, como num rodízio de pizza bem barato na segunda-feira, com sobras do fim de semana, com garçons gritando “Calabresa!”, “Presunto!” – o que seria, no máximo, um apresuntado -, “Portuguesa!”. Assim vai ser o revezamento de pessoas e de sentimentos nas suas telas para te entupir até você querer dormir, até não sobrar nada no prato.

E pra aguentar? Dá teu jeito.

Quem tem dinheiro faz terapia. Quem não tem, usa o que tem disponível na tecnologia. Quem não sabe onde buscar, é só fechar os olhos, respirar e se autoanalisar.

Vale assistir aos filmes da Disney para ajudar. Vale confiar em alguém para poder colapsar sem se envergonhar.

Na pandemia também tem que existir alegria.

Te mexe!

Não precisa viver na positividade nem estar sempre em atividade. A principal cura é você viver a sua verdade.

Viu como tem jeito?

É cada um cuidar de si. Não é absurdo, não. É preparação. Se conhecer para só então ter o que oferecer.

Dá teu jeito aí... Se não melhorar lá fora, pelo menos melhora em ti.

 

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