Obrigado por entender

 

 

 

Ontem vivenciei um dos sinais que para mim representam o ápice da evolução humana. Ao compartilhar uma situação bastante particular com as pessoas mais próximas de mim, recebi em resposta um amável “Eu entendo”.

Não houve questionamentos, críticas, elogios ou tentativas de explicar o motivo daquilo que eu disse estar vivendo. Houve o silêncio de quem me ama para compreender perfeitamente o valor do que eu falei, de acordo com o quanto me conhecem, para simplesmente me dizerem que entendiam a minha aflição.

De tão simples, me parece tão difícil que esta resposta seja dita com a verdadeira compreensão. De tão simples, a resposta chega como um abraço que nos acolhe exatamente como somos, como estamos. Exatamente como um abraço deve ser. Simples, compreensivo e reconfortante.

Mesmo que a outra pessoa não tenha vivido exatamente aquilo que compartilhamos, entender o que estamos dizendo faz com que ela também experimente o que estamos vivendo. É como se a gente fosse capaz de colocar no outro aquilo que estamos sentindo e então ele também poder sentir para nos dizer: eu entendo.

Entender o outro vai muito além da empatia. Não se trata de se colocar no lugar dele, mas de viver, por meio da confiança e do amor que se tem por esta pessoa, aquela dor ou alegria passageira. Porque certas coisas sempre vão passar. Mas quando se chega a este nível de compreensão sobre o outro, não. É um sentimento tão fraternal e profundo que leva a uma conexão que dificilmente será desfeita e ainda poderá ser estendida para muitas outras pessoas a serem entendidas.

Todos nós somos resultados das nossas referências, sejam as pessoas com quem convivemos na infância ou atualmente, os sentimentos que experimentamos ou cada experiência que consumimos. Tudo nos forma o tempo todo.

Entender o outro é desformar. É se abrir para algo que talvez você nunca viva algo parecido, mas que você consegue ver como é estar ali ao se permitir ser conduzido.

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