Desinvestidas

 


Fiquei pensando em investimentos e apostas. Não sou de fazer um nem outro. A não ser meu apartamento e a minha paz, no primeiro caso. Bom, no segundo cenário, já entrei em algum bolão aqui e ali pela diversão enquanto bebia com o grupo de organizadores.

 

Não faz meu estilo. Tendo a ser mais prático: “ok, eu oferecendo isso, o que recebo de volta?”. Tive um período de lapso pela caridade excessiva, mas, essencialmente, sou assim e assim me percebo cada vez mais – talvez agora com mais experiências que me respaldem no autoconvencimento sobre o que realmente vale nosso investimento.
 
Imagina só você comprar uma casa, viver feliz e plena nela, então, você colocá-la em uma aposta que você sequer sabe o que pode receber de volta.

 

O exemplo é praticamente o que se faz em um relacionamento. Garantia? Nenhuma. E o pior: não se mensura o retorno.

 

Pessoas decidem ser pais com base nisso: se doar sem esperar – ao menos deveria ser assim. Mas, quando falamos de vida a dois, do relacionamento amoroso, o quão estúpida é essa aposta disfarçada de investida?
  
Pensa comigo. Você coloca grana, seu tempo, seus sentimento e – o mais valioso para mim – a sua energia, muitas vezes por anos para, de repente, acabar (muitas vezes mesmo que os dois continuem juntos, o que torna a perda ainda maior, dia após dia, a cada minuto, com ambos querendo estar em qualquer lugar menos naquela relação, porém, falta a coragem de apostarem em si mesmos).
 
Enquanto o relacionamento existe talvez perceba-se algum cashback, mas ainda assim tudo se mistura tanto que fica impossível saber o retorno versus investimento porque ônus e bônus surgem o tempo todo nesse convívio a ponto de as coisas de se perderem e não saberem o quanto têm (do outro, da relação, de quem realmente são).

 

E o que te resta depois que se perde tudo? Experiência rsrs, afinal, até atravessar a rua para comprar uma empada te dá vivência.
 
Talvez seja por isso que as amizades tendem a durar mais – não só no tempo mas no quão saudáveis são essas relações. O investimento é seguro, tende a ter mais limite do que quando existe paixão e sexo envolvidos.
 
Envolvimentos são investimos sem pensar por conta da nossa louca capacidade de imaginar.
 
Imaginamos que não será como antes. Imaginamos que nos arriscaremos, mas que vai valer o esforço.
 
Pode até valer, mas a troco de que? Ainda mais considerando que o risco de perda é de 80% - base nos indicadores de divórcios, conversas de boteco e pessoas casadas que já chamaram para sair “no sigilo” no Instagram e aplicativos para conhecer alguns fofos.  
 
Chame como for, apostar, investir, se arriscar, querer e tentar. Dá na mesma. É ter o terceiro filho, com o terceiro “parceiro”, acreditando que ainda vai dar certo do ponto de vista que você idealiza. No balanço, são três dívidas emocionais que vão te cobrar todos os dias no seu celular e na sua frustração, afinal, a maioria segue presa àquela expectativa, àquela investida.
 
Por que não vivermos com aquilo que podemos contar, que depende mais da gente que do outro? Sério, tenho pensado nisso como se fosse uma burrice enorme entrar em situações que fogem disso.
 
Agora dá licença que vou ali investir um pouco mais em mim e em alguns cont(r)atos mais bem amarrados.
 


Comentários