Bridgerton e bloqueios

 


 
Foram quatro horas, em uma segunda-feira à tarde. Esse foi o tempo que fiquei sem responder no WhatsApp durante o dia mais movimentado da minha semana. Bastou isso para, quando eu finalmente respondi, o retorno do fofo ser: “quando a gente acha que vai encontrar alguém diferente dos demais, mas é tudo igual”. Em seguida, um: “sorte aí” e o bloqueio do meu contato.
Gente… rsrsrs… Isso foi na segunda, dia seguinte ao que ele e eu começamos a conversar.
A experiência confirma a vontade de mais e a disposição de menos que vemos em tantas pessoas. Junte isso à idade de menos e à aceleração de mais. Ao sentimento de menos e a - falsa - opção de pessoas de mais.
Paralelamente às experiências da - também gostosa - vida de solteiro, em uma tela maior que a do celular, vim assistindo à Bridgerton. Vi a primeira temporada no momento que lançou e a segunda neste mês que, daqui a pouco, já acabou.
A produção delicinha de curtir em sua cama longe do celular, fica ainda mais gostosa por nos colocar em um sentimento longe da pressa dos relacionamentos atuais. Na série, existe uma certa correria pelo casamento, mas uma intensidade ainda maior dedicada ao encantamento.
O flerte, o cortejo, a tensão se3Kual e a espera pelo beijo nos levam para séculos de distância desta ânsia do pedido de nude e do se3Ko sem conexão.
Dia desses fui ao cinema com uma pessoa com quem converso há meses e nunca tran2amos. Ali também foi a primeira vez em meses que fiquei de mãos dadas com alguém enquanto o filme rolava. Mais que dividir uma pipoca, sei que compartilhamos do mesmo sentimento de simplesmente estarmos ali curtindo esse carinho, sentindo a companhia, vivendo um date sem ter precisado intitular como tal.
Ainda sobre ele, nos vimos umas cinco vezes, talvez. Não fico contando, só sigo curtindo.
A conversa é sempre boa. A troca diária é sem cobranças. Ele em outra cidade, eu feliz neste lugar. Um lugar de beijo sem pressa e risadas sem poses.
Na segunda temporada de Bridgerton, a história do drama entre duas irmãs por uma estar prometida a um visconde, enquanto ele e a outra irmã se apaixonam mais e mais.
Me ganhou mais que a primeira temporada e, sem pressa, ainda curto essa história sem precisar correr para “zerar, matar ou maratonar” a terceira já disponível na Netflix.
Bridgerton me quebrou um bloqueio, me trouxe de volta para esta consciência gostosa que boa parte dos estímulos de hoje em dia nos tira: a paciência para saborear a construção de nossas relações.
Estamos muito dispostos a bloquear o outro e a nós mesmos quando se trata de não perdemos tempo ou não sofrermos. Queremos nos encantar sem a menor paciência para se doar. Vejo cada vez mais que todo mundo quer magia mas pouca gente ainda acredita nela.

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