Que falta faz ter um idoso por perto. Não,
não é uma pergunta. Realmente faz diferença. Que falta faz a companhia de uma
pessoa que possui aquele cansaço saudável, tenha sido boa ou uma mala ao longo
da vida. Falo daquele cansaço que vem da experiência que impõe serenidade.
Faz falta. São tantos excessos acessíveis
em todas as várias possibilidades do novo estilo de vida. Sinto falta daquele
freio brusco que só a companhia de um idoso proporciona. Uma senhora ou um
senhor. Seja de avó, tio, vizinha, amigo, conhecido, pai de alguém. A presença
é que me faz falta.
Geralmente, mudam pouco de um para o outro.
Dos mais festeiros em encontros de família aos super discretos ao varrer a
calçada. Sente essa falta? Parecem ter um mesmo ritmo. Se animados, sem pressa.
Se tristes, sem desespero.
Que falta faz um idoso no dia a dia para
nos dar equilíbrio. Não falo de valor ao “tempo que temos” porque eles
representam “o final da vida”. Nada disso. Qual é a real evolução em saber
manusear um tablet ou enviar arquivos para o iCloud. Qual?
Das colônias mais cafonas ao simples
perfume do sabonete, que falta faz aquele cheirinho de roupa simples, porém,
muito bem cuidada, típica de um idoso que se preze.
Para que a pressa em contar as moedas
tiradas daquela bolsinha guardada na estante? E eles sempre as contam mais de
uma vez para ter certeza de que o valor está certo.
Que falta faz um idoso para nos mostrar que
é bonito sair nas fotos com a cara amarrada, mastigando, sem a preocupação de
onde a imagem será postada. Sair com os olhos fechados na foto porque estão
dando deliciosas gargalhadas de uma bobagem feita pela amiga vizinha.
O idoso faz falta para lembrarmos que levar
uma marmita caprichada para o almoço no trabalho é a coisa mais gostosa do
mundo. Tão ridículo viver de rúculas mal lavadas em restaurantes self-service.
“Pega mais, menina!”.
Quem precisa de altos armários embutidos na
cozinha? O que realmente precisa, cabe embaixo da pia. E uma bela cortina
sempre resolveu. Escolher puxadores que combinam com o lustre? Melhor se
orgulhar da casa limpa, ajeitada, com panelas ariadas que saber se o sinal 3G
funciona no lugar para onde vai.
Nossa, que falta faz um idoso. Para te
incentivar a ir usando chinelos. Já se deu conta? Para mim, a apresentadora
Palmirinha, a baixinha, que troca as palavras, que ensina bolos simples em um
programa no canal que poucos assistem, nunca esteve mais em alta.
Imagem Julia Chequer, no portal R7.
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