Depois de aplicativos que oferecem prescrição
médica e coisas do tipo, é a vez do smartphone se tornar o sofá da terapia para
casais, gente! Acha?
No jornal Folha de S. Paulo de hoje, o caderno
“Equilíbrio” traz a reportagem sobre o uso de aplicativos como ajuda nos
relacionamentos amorosos. Well... Eu acredito que algumas coisas são boas ou
ruins dependendo do uso que fazemos delas. Então... Cata!
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Casais usam
"apps" de celular para driblar a distância e resolver crises
conjugais
JULIANA
VINES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
FOTO Danilo
Verpa/Folhapress
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IMAGEM Editoria de Arte/Folhapress
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15/04/2014 02h53
Seu casamento não é mais o mesmo depois do
nascimento dos filhos? Reserve 15 minutos por dia para ter uma conversa a sós
com seu parceiro e planeje uma noite romântica a cada duas semanas.
A receita anticonflitos está no aplicativo para
smartphone "Couples Counseling & Chatting" (aconselhamento de
casais e bate-papo), que, com um diagnóstico rápido e exercícios para fazer a
dois, tenta transformar o celular em um terapeuta de casais à distância.
Em oito semanas desde sua estreia nos Estados
Unidos, o programa já foi baixado 30 mil vezes, cifra comemorada pela
psicoterapeuta americana Marigrace Randazzo-Ratliff, criadora do aplicativo.
"Ele ajuda os casais a se sentirem
confortáveis com seus problemas, sem colocar rótulos ou patologizar. É possível
trabalhar as situações por vários meses, além de tirar dúvidas comigo [de
graça]", disse, em entrevista à Folha.
Os ensinamentos são baseados nos 25 anos de
profissão da terapeuta e nada mais. O aplicativo não é o único do tipo nos
Estados Unidos (veja mais opções abaixo) e seu sucesso pode ser explicado, em
parte, pela importância que a internet e o smartphone passaram a ter na vida a
dois.
Um relatório recente do instituto de pesquisas
americano Pew Research Center revelou que 41% dos adultos de 18 a 29 anos que
namoram se sentem mais próximos do parceiro graças a mensagens de texto e
conversas on-line. E 23% deles já tentaram resolver virtualmente uma briga que
tinham dificuldades para solucionar cara a cara.
Para o psiquiatra e psicanalista Luiz Cuschnir, do Hospital das
Clínicas de São Paulo, se por um lado a tecnologia ajuda com a comunicação
imediata, por outro pode gerar mal-entendidos. "As 'carinhas' e
interjeições usadas on-line podem ser mal interpretadas ou insuficientes",
diz.
No caso dos aplicativos de terapia, o risco é a generalização com
recomendações que nem sempre são úteis para todos os casais.
"O mesmo problema têm causas diferentes: o marido pode não
ouvir a mulher porque não tem interesse ou então porque ela fala demais. Esse é
um ajuste fino que só a terapia presencial consegue", explica Ailton
Amélio, psicólogo especialista em relacionamentos e professor da Universidade
de São Paulo.
Segundo a terapeuta de casais Tai Castilho, os aplicativos não
devem ser vistos como terapia. "Podem ajudar, mas são dicas, não
substituem a mediação de um especialista", afirma.
Em sua defesa, Randazzo-Ratliff diz que o "Couples
Counseling..." foi testado em grupos de discussão com casais e inclui
autoavaliações que personalizam os procedimentos.
REDE PARA DOIS
Por aqui, esses aplicativos feitos por terapeutas não são
populares. Outras aplicações para casais, porém, já têm adeptos fieis, entre
elas o Couple e o Avocado, redes sociais exclusivas para dois que têm como
principal atrativo facilitar a comunicação com um canal 100% privado (não dá
para falar com mais ninguém, só com o parceiro).
"É algo só meu e dela, é bom ter essa exclusividade. Nos
aproxima mesmo quando estamos longe", diz Ronie Geribola, 22, estudante.
Ele namora há 10 meses e usa o Couple há sete. A ideia foi da namorada Brenda
Shedelba, 19, coordenadora pedagógica, que procurava um jeito de diminuir a
distância física entre os dois.
"Nos encontramos só uma vez na semana. Eu moro em São Paulo,
ele na região metropolitana e nossos horários são totalmente diferentes.
"Nos momentos em que queremos compartilhar coisas, usamos o Couple",
conta.
Além de conversar ("umas cinco vezes por dia"), eles
trocam fotos, marcam eventos em um calendário compartilhado, e dão "beijos
de dedo" -ferramenta que faz o aparelho tremer quando os dois colocam os
polegares na tela ao mesmo tempo.
Para a psicóloga Luciana Ruffo, do NPPI (Núcleo de Pesquisas da
Psicologia em Informática) da PUC-SP, a exclusividade dessas redes é uma
armadillha: facilita o contato, mas também o controle.
"Eu sei que naquele momento o parceiro está só comigo, é um canal
exclusivo. Mas a gente não vive única e exclusivamente para o outro. Muitos têm
dificuldade para lidar com o fato de que o parceiro tem outros contatos e
outras relações afetivas."
O mesmo pensa Amélio. "A coisa toda é muito mais complexa que
um aplicativo. Uma ferramenta pode ajudar na comunicação, mas se o casal não
quiser conversar não adianta nada. Muitos casais não se comunicam bem na vida
real, imagine on-line."
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