
No cantinho do café durante o expediente,
meu amigo Régis Agostinho me contou um caso que rolou em um de seus trabalhos
como cinegrafista e editor. Depois de gravar a palestra de um professor, ele –
como de costume em nosso trabalho – perguntou ao estudioso se o autorizava usar a sua apresentação. O homem perguntou por quanto tempo seria isso. Régis
deixou que ele sugerisse. Então o professor respondeu: “Pode usar por dois
anos. Não mais que isso, por favor. Esse é um período seguro para esse material
ser exibido nas condições que vivo hoje. Não digo que pode usar mais que isso
porque muita coisa pode mudar na minha vida”.
E a gente realmente muda. Idiotice rezar o
mantra da Síndrome de Gabriela: “Eu nasci assim, eu cresci assim (vai morrer assim!), Gabriela”.
Nossa essência é enraizada mas, por exemplo, os gostos... É como a criança que
não come quiabo e quando cresce não o recusa. É como o tipo de homem que te
atrai. Ou não?
Certa vez, em uma conversa sobre o que é um
homem interessante, descobri que os meus critérios eram bem diferentes dos de
uma amiga solteira há tempos e disposta a ter alguém. E eu mudei. Hoje não
troco a confiança de um cara no jeito de me amar e seu companheirismo por
nenhuma região semi-pubiana bem definida.
No almoço com as meninas, o assunto veio
com testosterona. Uma amiga começa falando sobre o cara que foi instalar a TV
a cabo em um novo ponto em sua casa. “Nossa, um moleque, mas uma gracinha,
sabe?”. “Ele usava uniforme?” – pergunta outra. “Não, mas era um charme. O
menino era lindo. Tinha uns braços!”.
Ela adora “Os Braços”. As aspas e o
maiúsculo significam forte, tá gente? Não é simplesmente o membro que a maioria das pessoas tem.
Sintonizando o assunto e esquecendo a TV a
cabo, outra amiga emenda que o que ela mais gosta em braços de homens é quando
a tatuagem vai "saindo da manga" da camiseta – “Gente, eu acho isso TÃO charmoso”, revela.
Na outra ponta, em outro canal, a terceira
simplifica ao dizer que adora um homem gordinho. Sem tatuagem, sem “O Braço” –
mas de preferência com braços, eu acho.
Na humildade, a atraída por tatuagens no
braço que se revelam aos poucos conforta: “Outra coisa que eu adoro é o ossinho
perto do pulso”. Todos param.
“Esse ossinho, gente, tem homem que tem ele
mais saltado. Acho tão masculino. E quando usam relógio, então... Nossa, eu
acho muito bonito. Assim, o ossinho perto do relógio, sabe?”, tenta convencer.
Eu paro o episódio. Precisa de mais? Se
tratando de atração, com o passar do tempo nós sempre sairemos do abdômen
trincado para a mão que acaricia suavemente? Um simples ossinho saltado pode
despertar mais tesão do que um perfume importado?
Ainda não reparei no ossinho do companheiro
dessa amiga, ou mesmo se ele usa relógio, mas para qualquer necessidade, sempre
há o shopping e uma prótese para o pulso.
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Repare, Aline Sandy!