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O que canso de falar é que nos tempos de hoje as pessoas não sabem lidar com as opções que existem aos montes em todos os pontos das nossas vidas |
“Qual é a data de validade de um
relacionamento?”. Normal que a pergunta venha com tudo o que está rolando por
aí - e logo ali. Três amigas na segunda metade da casa dos vinte anos se
divorciando simultaneamente. Não comemoraram os trinta e já possuem ex-maridos.
Quantas outras há aí fora? Chato, sim. Necessário, também. Têm tudo para
comemorar melhor a terceira década de suas vidas. E a minha resposta para a
pergunta é “A validade vai até quando o relacionamento fizer bem para as duas
pessoas”.
Difícil? Pra mim é simples até demais. O
que canso de falar é que nos tempos de hoje as pessoas não sabem lidar com as
opções. Opções que existem aos montes em todos os pontos das nossas vidas. Se
um emprego não está bom, quantas novas possibilidades temos agora em comparação
às que nossos pais tiveram? O mesmo serve para os relacionamentos. Casou,
descasa. Juntou, separa. Estão longe, juntem-se. São virgens, transem. O grande
lance das opções de hoje é não sermos tão apontados como seríamos em outros
tempos. É gay? Por que não se assumiria? Não é a sua vontade ser mãe? Tudo bem,
meu bem, não precisa. Quem é obrigado a quê?
E nós lá sabemos lidar com tudo isso? Com
as várias opções? O conflito é enorme. Ainda chove jovem querendo se casar. E
que fique claro: eu não tenho nada contra casamentos, da mesma forma que eu
tenho certo comigo que o casamento no molde de antigamente – tradicional,
conservador e cheio de regras e promessas impossíveis de serem cumpridas –, hoje,
definitivamente é somente para quem possui esse mesmo perfil que o matrimônio
dos nossos pais exigia. E quem tem isso hoje? E quem tem, diante de tantas
opções, sem exceção, será que passa a não ter mais esse perfil?
A receita de antes quase não funciona
hoje. O bolo queima. Ou encrua. Eu acredito em duas pessoas passarem a vida
juntas, em amor nessa proporção, mas é preciso liberdade para isso, espaço,
espontaneidade. Não dá para forçar a barra com burocracias que não se
justificam mais.
O tira-a-teima vem ao olharmos para os
nossos próprios pais e seus amigos. São casamentos que passam as duas décadas
de bodas-de-alguma-coisa e sobrevivem somente os que se adaptam melhor – e
sobrevivência, anote, não é tempo junto, são felicidade e realização plenas. Estes
pais são pessoas nas casas dos cinquenta anos lidando com a rotina e os deveres
sem piedade do “unidos para sempre e a qualquer custo”. Alguns se saem bem,
experimentam coisinhas novas na cama, usam bem alguma pornografia na internet,
decidem ter cada um o seu apartamento depois que os filhos saem de casa – ou
mesmo quando ainda não saíram –, às vezes apenas com a divisão de banheiros ou
quartos isso se resolve, se permitem beber uma cerveja ou um vinho em plena
terça-feira ou deixam de limpar a casa uma semana ou outra para dormirem até
tarde no sábado. Fazem isso para viver melhor o casamento e ainda são mal
vistos algumas vezes. Casais que se arrastam são os que mais apontam o dedo para esses que experimentam encontrar a sua forma de viver junto. E
casamento lá pode ter dessas coisas? Ah, não, de jeito nenhum. Swing, troca de
casais? Tá louco!? Cada um que ache o seu jeito.
Se o que é mais visto é o comum, o normal,
a maioria é quem diz o que pode ou não, vamos ao que pode ser feito em um
casamento para mantê-lo: o que pode é ter vida dupla; uma segunda esposa em uma
segunda cidade; amantes na internet; desejos que não podem ser comentados. Assim
a realização é perfeitamente saudável para o casal desde que um esconda do
outro. A regra é essa. Pronto. Vai, pode ir que funciona. E se o parceiro
começar a desconfiar que a coisa não anda bem entre vocês, arrume um filho. Não deu jeito, tenha outro. Anotou?
Definitivamente tudo na vida depende do que
fazemos com aquilo. A internet? Pode ser usada para o bem e para o mal. A
confiança de alguém, idem. A pergunta no início do meu texto é do meu namorado.
Dá medo estar em um relacionamento nos tempos atuais? De jeito nenhum. Estar
fora de um? Igualzinho. O que sempre temos é a nós mesmos e as várias opões
para sermos sinceros com o que realmente nos faz bem ou não. Bem mais fácil
viver assim.
*Imagem | http://createinnovateexplore.com/wp-content/uploads/2015/01/hengki-koentjoro-masks-1343448643_b.jpg
Comentários
Encontrei esse blog procurando o outro, Virando Jornalista, e que bom ver que você continua escrevendo. Paz e Luz pra você.