Dilemas



Pensei em parar com o Caneca. O texto da semana passada não aconteceu. O desânimo bateu. Meu trabalho tem me tomado muita energia. E a falta dela é foda. Para mim, é mais importante que o tempo.

Com muita energia, o pouco tempo se faz render mais do que parece. Quando te falta esse combustível, vai te sobrar tempo e nada pode ser feito. 

Foi então que parei. Pensei. "Sempre curti tanto escrever para o blog". Perguntei a uma amiga: "Estou pensando em encerrar o Caneca, o que acha?". Ela me perguntou o motivo e eu respondi que era a falta de tempo e que minhas prioridades estavam mudando e o trabalho me tomando muito tempo. Ela me incentivou a continuar.

Me permiti não postar durante uma semana. Parei. Esperei. Entendi. Eu não mudei nem fiquei sem tempo. O que aconteceu foi realmente uma queda de energia por ser sugado por pessoas que nem chegam a perceber que o fazem.

Agora escrevo porque passou. Me guardei. Recuperei. Voltei. 

Acontece que toda relação acaba recebendo a carga de algo, uma expectativa, um comportamento que, em algum momento da vida, faltou para aquela pessoa. Adultos que reagem sem saber o motivo de agirem de tal forma. 

Normal. Me incluo nessa. É a chamada criança interior que acompanha a gente. O importante é saber lidar com ela.

Você sabe o que separa a criança do adulto? - além dos boletos que chegam aos montes. A sexualidade. E não se trata de gênero ou orientação, mas do se tornar sexual.

É aí que fode.

A cagada acontece porque nos tornamos adultos com muita coisa ainda não amadurecida do nosso período infantil, fase em que a nossa personalidade é formada. A criança interior, que deveria andar atrás da gente, como referência de quem fomos - afinal ela nos traz coisas boas como o incentivo à criatividade, à leveza - muitas vezes caminha ao nosso lado, quando não, tomam a nossa frente e assumem toda a situação.

É aí que namorados cobram a atenção do parceiro, fazem birra, criam caso. É nesta hora que a tratativa que deveria ser profissional no ambiente de trabalho, vira picuinha, grupos de amiguinhos que não incluem o Zezinho na brincadeira no recreio. É essa carência infantil que veio mal resolvida para a vida adulta que nos faz precisar se apoiar em algo.

Tudo é resultado do que faltou ou sobrou na infância. Tratam-se da falta de lidar com conflitos, de resolver nossos dilemas, de recebermos responsabilidades, de ter a atenção dos pais - ou de vir com atenção demais -, de não ter aprendido a abraçar, a ouvir, a compartilhar, a entender o que é amar ou sobre se colocar no lugar do outro em vez de negar, se isolar, esmurrar e achar que pode reinar. 

O reflexo na vida adulta é um dilema. Recorremos ao marido, à esposa, aos pais, ao chefe, ao vizinho, ao amigo, muitas vezes até aos próprios filhos, sem perceber que essa expectativa que cobre o verdadeiro "olha para mim!", "brinca comigo!", "isso não é responsabilidade minha", "me ajuda!", se trata da incapacidade de lidar com algo que na verdade é problema só nosso.

Eu só compartilho este texto - e, sim, vou seguir escrevendo para o blog - porque o aprendizado é para você e para mim. Afinal, de que servem os dilemas se não para nos questionarmos e nos tornarmos versões melhores de nós mesmos?



Bora pro Insta? @matheusfarizatto

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