Em
meio às respostas padrão de aplicativos de relacionamento uma me surpreendeu.
Mandei: “Oi. Tudo bem?”. Recebi: “Tudo e você?”. “Tudo certo”, eu disse. Então:
“Bacana. Desculpa, mas eu não curti”.
Pá!
Que tiro foi esse?!
Adorei.
Uma bala de sinceridade que só quem tem boa autoestima e é bem resolvido é
capaz de receber e até mesmo disparar. Admiro.
O
ponto é que mesmo que o fofo tenha dito isso apenas por ver as minhas fotos,
ele me respondeu e bancou a preferência dele por outro tipo de pessoa. Eu
respondi agradecendo e desejando boa sorte para ele. A breve conversa fechou
com um “Obrigado. Para vc também. Abração!”.
Vida
que segue. Com um ponto bem definido.
Acontece
que diferente deste caso, a maioria simplesmente deixa de responder. Some. É
como se o vilão da Marvel, Thanos, estalasse seus dedos e essas pessoas
simplesmente virassem poeira, deixando o celular cair antes mesmo que pudesse
pensar em digitar uma respostinha – mesmo que fosse com um emoji ou gif ou as
novas figurinhas do Whats.
Pior
ainda aqueles que desenvolvem as conversas, passam pelo “de onde é”, “o que faz”,
“o que gosta” e depois de dias... Thanos.
Ainda não aconteceu comigo, mas o ápice do
sumiço é depois de um encontro ou mais. Um boteco. Um beijo. Sexo ou não.
Mensagem quando chega em casa. A semana segue com conversinhas diárias. Marcam
de se ver de novo. Próximo ao dia combinado, quando rola um “está de pé amanhã?...
Thanos.
E aí a
pessoa simplesmente nunca mais responde. Uma amiga está exatamente neste momento
com um mala, enquanto escrevo este texto.
Os sinais
são sempre os mesmos:
-
Começa a desmarcar os dates às vésperas.
- Não
abre suas redes sociais.
- Se
possível, deixa somente o primeiro nome nos aplicativos, para não ser
encontrado.
- O
WhatsApp é colocado para não mostrar “Última visualização” ou mesmo a
visualização com os dois tracinhos em azul. Sempre apagado. Tudo. Um fantasma.
Mas,
como todo bom fantasma que possui assuntos pendentes: eles voltam. Passado um
tempo – podem ser três dias, semanas ou até mais de um ano – aquele “Oi, sumida”
vai piscar para você. Resultado de um serzinho mal resolvido, que queria estar
com você, mas desistiu.
Eu posso
falar com propriedade. Já fiz. É difícil não fazer. Porém chego a dizer ou
escrever ou traumático para muitos: “Desculpa, não vai rolar. Eu não estou afim”.
Daí,
vem de tudo. Eu já fui chamado de egoísta até bicha velha acompanhado de um
desejo que eu pegasse HIV. Juro.
As pessoas
não sabem lidar com o “Não”. Nem para receber ou mesmo para dizer. Em vez
disso, inventam desculpas, enrolam, usam da pré-visualização do app para
responder muito depois ou simplesmente agem como se tivessem ido parar no
necrotério. Não há IML que responda ou manopla do infinito que reverta.
O
motivo de sumirem? Opções. Sempre há alguém novo e que pode ser aparentemente melhor para experimentar. Para quem fica sem sinal de vida do outros, só resta usar deste mesmo recurso de deslizar para o próximo da fila na tentativa
de que seja diferente. E assim se dá o ciclo sem fim do Quero e Não Quero.
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