Me perguntam, “E aí, novidades?”. Respondo de pronto: não. Na minha cabeça, ainda solto um “graças a Deus” – mas tenho tentado não dar na cara a felicidade de estar com a vida como está, desse jeitinho... Sem tirar nem por.
Se a vida é uma montanha
russa, a minha virou pista reta. Plana. Com planos. Mas sem pânico. De mão
simples. No ritmo perfeito.
Para não dizer que nada
acontece de diferente, talvez eu tenha que jogar fora a minha planta da sala.
Um coqueiro. Está seco na parte de baixo, mas ainda verde e esperançoso nas
folhas de cima.
Estou em um momento tão
gostoso... Há meses, eu acho. De tão bom, não sei nem afirmar desde quando. Só
sei que quero ficar aqui. Quando falo isso, me dá até um frio na barriga. De
cara, já penso que pode aparecer um câncer, um derrame, uma proposta de emprego
melhor para mudar de cidade, talvez uma paixão, um dinheiro encontrado por
acaso na rua, não sei. Qualquer novidade. Só sei que não queria. Já falei que
está uma delícia assim?
Minha torneira da cozinha
está pingando há semanas. Quando deitado em minha cama, ouvia o “Tum... Tum...”,
distante, mas incômodo. Como tudo na vida, quando se olha de novo e outra vez e
com tempo e aquela paciência, eis a soluções: coloquei uma caneca dentro da
pia, com a alça virada para o rumo em que a gota cai. Lá está. Lá vai ficar.
Não faz barulho porque as gotas batem na curvinha da alça e deslizam
silenciosamente por ela até o fundo da pia. Uma belezinha.
É burrice pedir que nada
aconteça, eu sei. Primeiro que a gente não manda em nada nessa vida vezes
besta, vezes bosta, ora boa, ora que basta – como essa minha hora de agora. E outra
que imprevistos nos movimentam, ensinam. Idiotice não querer coisas novas, pois
seria estagnar. Estou confortável, jamais acomodado. Repito para mim: seja leve,
mas não relaxe.
Que assim siga... Até que venham uma e outra novidades
que me tirem desse trilho e me faça aprender a construir um novo, com e sem
altos e baixos. Eu vou curtir de todos os jeitos.
Enquanto isso, aproveito e agradeço por esta fase em que
não me falta absolutamente nada e em que nada peço além disso que sinto. Viva a
serenidade e o bem de estar bem com o seu maior bem: você.
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