Não aprendi no podcast

 





Primeira vez que participei de um podcast. Videocast.

Quando minha vidabest, Claudia, abriu a gravação, a sintonia vinda das nossas afinidades e de mais de dez anos de amizade, deram o tom do conteúdo.

Mesmo entre amigos, a experiência exige atenção em duas coisas que, muitas vezes na vida, não acontecem instintivamente: atenção ao outro e saber até onde ir.

Claudia estudou o livro Do Fundo da Caneca – tema da conversa - e preparou um roteiro sensacional para embasar nossa conversa, mas o ponto especial mesmo veio de ela estar extremamente atenta ao que eu estava falando, sem se perder das perguntas que preparou, mas interessada no que eu contava.

Eu, como entrevistado – e apaixonado por essa mulher fabulosa – estava atento não só à condução impecável dela, mas ao meu momento de parar em meio às respostas para a voz em destaque voltar a ser a dela.

Chame de dança, jogo ou troca-troca, mas chame para a sua vida esse casamento que junta o interesse no outro e esse bom senso para que o momento dele também exista junto ao seu.

Da mesa do podcast para a cama lá de casa, tive uma primeira coisada (risos) com uma pessoa e a experiência foi meio, digamos, sem aquele tchan (hahahaha escrever tchan para ilustrar isso está me fazendo rir muito enquanto escrevo).

Se isso acontecesse tempos atrás, eu teria mandado meu encerramento de gravação para ele, desligado nossos microfones e apagado as luzes do estúdio que vínhamos construindo.

Diferente disso, nós conversamos. A segunda coisada foi tão sensacional que me faz sorrir enquanto escrevo essa frase.

A maior parte de tudo que a gente vive hoje nos leva ao desinteresse pelo outro e à desorientação de só falar, falar e falar sobre a gente.

O GPT nos atende sem nos questionar. O algoritmo nos coloca em uma salinha de conteúdo preenchida somente com o que a gente gosta. Essas e muitas outras coisas (bom dia para os apps de relacionamento) nos ofertam um buffet pronto para nos servimos daquilo que queremos e deixarmos de lado tudo que a gente sequer imagina como é.

Sobre falar sem parar, olha o tanto de mídia e novos formatos disponíveis para a gente postar. Falar, postar, falar mais, postar de novo. Mesmo o WhatsApp – que deveria ser sobre conversas – passou a dar opção de desativar os recursos que mostravam se a pessoa estava online ou leu nossa mensagem, afinal, do que importa o outro?

Como na gravação de um podcast, viver acima de toda essa superficialidade que é imposta, está em saber ouvir atentamente ao outro, sem se perder de si.

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