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E quando sabemos que vai acabar, que a vida de solteiro está logo ali no tapete da porta de entrada da casa |
A maior rede de locadoras que Ribeirão Preto
(SP) já teve está fechando. Loja a loja, a Genius Vídeo é apagada da sequência
de comércios nas avenidas e em pouco tempo uma farmácia ou outra lojinha de
lingerie vai enganar a nossa memória como se nunca tivesse existido o lugar com
prateleiras e corredores cheios de dvds. Da mesma forma que o vilão da época, o
dvd, fez com a mocinha vhs. E o Netflix finda as locadoras.
No fechamento de uma das últimas lojas, a
tradicional liquidação com vídeos a preço de porta-retrato barato. Eu garanti
alguma coisa para a minha coleção e faço questão de manter o selinho “Lançamento
– Devolução 48 horas”. Só para manter aquele gostinho de primeira locação.
Mistura de euforia com os preços e tal material à disposição, e tristeza com o
fim de algo que faz parte da nossa história.
E nos negócios dos relacionamentos, ao começarmos
a falir em uma relação, quando é o momento de admitir isso e baixar as portas? Até
que ponto pensar em tal liquidação nos anima e nos entristece?
É interessante como isso varia de um para o
outro, de situações previstas para surpresas desagradáveis. Nem sempre os
sinais são claros. Mas vamos considerar quando são.
A gente sabe onde vai dar. Bate aquele
desânimo, brigamos cegos, então vem a fase de ignorar o caminho que a relação
está tomando, empurramos com a barriga. Refazemos as contas mas não há
empréstimo que dê jeito. Tudo que não é natural não se sustenta. Então a
falência está declarada. Pode ser por mudança nos jeitos dos dois. Talvez no
jeito de um só. Ou simplesmente o negócio já começou falido.
E quando sabemos que vai acabar, que a vida
de solteiro está logo ali no tapete da porta de entrada da casa, pronta para a
liquidação, nos esperando para nos pegar pela mão e nos levar para o novo
caminho, é triste, é animador.
Triste por não sabermos para onde seremos
levados. Isso ao mesmo tempo nos deixa eufóricos – principalmente se houver a
certeza de que ali, dentro daquela nossa loja, tudo o que poderia ser já foi
feito. Então a tristeza de olhar para as prateleiras vazias e não saber o que a
vida reserva também para aquele seu sócio de tanto tempo. Item a item começa a
ser levado pelo passado comprador – e a casa desse cliente será o novo lar de
tudo o que já foi o seu maior negócio.
Mas empreendedores não se contentam com
uma vida sem expectativas depois de ter que mudar de área. Então a euforia de
investir em algo nos guia até chegarmos ao nosso melhor lucro: aquele que conquistamos
para nós mesmos e a partir de nós mesmos.
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