Precisei me reinventar. Desapegar para atingir novas pessoas. Criar um nome do qual muito mais gente vai poder beber comigo |
Uma grande amiga voltou ruiva do Carnaval
deste ano. O antigo castanho ficou de ressaca, não sobreviveu. Para contrariar
o desânimo da Quarta-feira de Cinzas com trabalho logo às oito da manhã: o vermelho.
“Nossa, ficou sensacional” – eu adorei, elogiei. E definitivamente a nova cor
representa a mulher que ela é hoje. Não a da época de faculdade – de quando eu
a conheço... Mas esta que sabe melhor o que serve e não pra ela, que teve que
amadurecer rápido com algumas pancadas da vida e hoje esbanja autoconfiança
para encarar o que vier. Ruiva!
Outra amiga acaba de se separar do marido.
“E como você está?” – “Às vezes bate aquela insegurança do tipo ‘será que eu
fiz merda?’, mas é normal e eu tenha certeza da decisão, do fundo do meu
coração”.
Longe da dificuldade de um divórcio mas com
a essência de algumas coisas continuarem nos representando ou não ao longo de
nossas mudanças, eu me despedi do nome Virando Jornalista que, por sete anos,
foi o chamariz do meu perfil blogueiro, período que foi uma delícia.
Criei aquele nome e aquela página durante
uma aula da faculdade de Jornalismo, em 2007. De cara a galera da sala gostou,
então os professores, amigos e, claro, os meus parentes – ai deles se não
acessassem. O pessoal acompanhava e comentava os textos daquele redator
iniciante que escrevia sobre as descobertas da formação em uma área tão cheia
de técnicas, tão cheia de necessidade de perfil para conseguir atuar.
Há algumas semanas uma colega comentou que
adora o nome Virando Jornalista, que soa bem, mas que “você já é jornalista!”.
Foi engraçado e me fez pensar sobre até que ponto aquele primeiro título me
representava ainda hoje e até onde ele apenas rotulava o blog.
Quem me conhece há tempos vê a mim como o
jornalista que escreve em seu blog sobre comportamento, relacionamento e
cultura pop. Mas e quem ouvia falar da tal página naquele primeiro contato,
apenas pelo título, muitas vezes pela internet?
Coincidência ou não, na última quinta-feira,
19 de fevereiro de 2015, postei a despedida na fanpage do Virando Jornalista,
então com 579 seguidores. Minutos depois, recebo a notificação de que a
seguidora de número 580 chegou por clicar no Curtir. Curioso, entrei em seu
perfil: recheado de páginas com a temática “Jornalista”.
Passou a destoar: conteúdo versus nome na
porta de entrada do blog. Precisei me reinventar, assim como as minhas amigas.
Desapegar para atingir novas pessoas. Criar um nome do qual muito mais gente vai poder beber comigo.
Trago do Fundo da Caneca esse momento de transição que me dá um novo ânimo,
que tem tudo a ver comigo e que faz com que eu continue blogueiro enquanto me
acrescentar e acrescentar aos leitores. Fico triste, sim, por me despedir do VJ
que me possibilitou experimentar e conhecer tanta coisa bacana. Deu um aperto
responder à pergunta do meu namorado: “E o que você vai fazer com o Virando
Jornalista?” – “Com o blog?” – “Não, com o nome...” – “Eu vou ter que abandonar”.
Não me bate insegurança sobre este novo
momento porque realmente a minha coleção de canecas espalhada pelo escritório
em que trabalho, pelo meu quarto por onde escrevo este texto, sobre os meus
livros, ao lado dos meus óculos, com café, chá, água ou lápis e canetas, me
representam muito bem. Sou eu hoje. Resultado de quem fui com o Virando
Jornalista. Evolução.
Tenho certeza que quem me acompanha
blogando vai curtir o novo nome e mais: muitos outros estão prestes a se juntar
a nós. Que delícia termos a oportunidade de nos reinventarmos, mais ainda por
isso só depender da nossa vontade. Reinvente-se sempre que for te tornar melhor.
Comentários
Obrigado pelo carinho de sempre, Lu. Que bom que adorou. Um beijão.