É a primeira vez que escrevo sem precisar. Esse texto poderia não existir, pois é a primeira vez que sinto que não preciso dizer algo sobre estar apaixonado por alguém. Tudo bem, acabei de dizer (risos), mas não é esse o ponto.
A
questão é não abrir, escancarar, detalhar e outras armadilhas da paixão do tipo
adolescente que nos tira do controle.
No
dia a dia, a euforia surge vez e outra, com comentários com os amigos, do tipo “Ele
disse que...”, “Ele conhece o...”, “Ele gosta de...”. Faz parte na frequência
de comentários que, inclusive, fazemos de nós mesmo, quando não envolvidos com
um certo alguém.
Mas,
pela primeira vez, não tenho a necessidade de contar toda a história,
justificar cada passinho dado em um novo relacionamento, é como se não
existisse a pressão boba de fazer dar certo ou (nos e lhes) convencer de que
vai ser bom, como já rolou em namoros anteriores. O de ter que “explicar” foi substituído
pelo querer aproveitar.
Pode
ser coisa da maturidade ou as experiências dos relacionamentos anteriores. Talvez
seja o jeito dele, ou o nosso jeito juntos, mas, pela primeira vez, eu não
sinto aquele pesinho que vem com uma nova paixão. Falo do pesinho que mexe com
a gente no sentido de alterar nossas vidas e rotina, nos pede sacrifícios sobre
nós mesmos e que, com o tempo, passa, e, se muito intenso, cansa e some como o
efeito da droga que passa. Mas dessa vez não tem abstinência, só a vontade
tranquila de ter mais disso que temos enquanto estamos juntos e que também
temos durante o tempo em que levamos compromissos separados. É uma deliciosa
individualidade com saudade, que só aumenta a minha vontade.
Pela
primeira vez, estou apaixonado e consciente. Sem perder noção, surtar ou forçar
nada. Não há rede social para atualizar ou conhecidos para aprovar nada. Pela
primeira vez, desde esse comecinho, eu sinto que é uma coisa nossa. E isso me
dá uma paz e uma serenidade junto de uma vontade de ir longe com a certeza de
que, definitivamente, só depende de mim e dele, com o tempo, com o nosso jeito,
não se encaixando um ao outro para virar um só, como uma parte que faltava, mas
nos desenhando juntos para rolarmos lado a lado vida adentro.
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