Dois não um

 



Desde a entrada no bloco do meu prédio, eu sentia aquele cheiro que lembrava sopa enquanto me fazia pensar em um belo caldo – “que seja de mandioca, que seja de mandioca... E poderia ser lá em casa, né?”.

 

Meio friozinho e eu cansadaço, é o tipo de sensação que nos leva para um conforto delicioso. Em meio a dezenas de apartamentos, como saber qual estaria preparando a caprichada jantinha?

 

Abri a porta de casa e lá estava meu namorado na cozinha junto da confirmação e exaltação do cheiro delicioso. Tudo vindo de uma panela de pressão que eu jamais teria colocado a mão.

 

Com seis meses de relacionamento, ele e eu viemos morar juntos. Eu quase coloquei um “apenas” antes de escrever “seis meses”, mas não a inclui porque esse tempo nada tem a ver com pouco ou muito e, sim, com o momento que estamos e aquilo que precisamos. Se temos isso claro, a vida vai te trazer exatamente o que você diz precisar.

 

O lance é que a maioria das fofas e fofos não sabem o que querem ou dizem que sabem enquanto mudam de opinião mais rápido do que trend de Tik Tok. Ou, talvez, até estejam bem resolvidos mas nada fazem para que isso aconteça, principalmente quando trata-se de se abrir e de confiar, em vez de socar um monte de regras e critérios que ajudam em nada.

 

Entre ser solteiro ou estar com alguém, te conto o seguinte: é mais fácil ser solteiro e é melhor estar com alguém – isso considerando que se trata de um relacionamento saudável, com companheirismo, admiração, respeito e amor, claro. Além de ser - aqui cabe o apenas - a minha visão. Me explico.

 

Ser solteiro é simples, prático, leva-se a vida que se quer de um jeito muito mais fácil, afinal, só depende de você. Ao mesmo tempo que pode ser extremamente perigoso pela tentação de nos tornarmos pessoas que só topam aquilo que nos agrada – e virarmos uma ilha por isso.

 

Quando digo que acho melhor quando estamos em um relacionamento, falo da troca que isso nos possibilita de forma mais intensa, com testes e recompensas diários – o oposto de sermos ilha, mesmo que tenhamos sempre algo sendo compartilhado com amigos e com a nossa família. É melhor, mas não é mais fácil. Isso porque é justamente dessa ambiguidade que vem ele: o aprendizado. Pra mim, estar em um relacionamento é o movimento que fazemos para nos tornarmos pessoas melhores. É daí que pode vir um exercício frequente, próximo e profundo do amor para então levarmos isso para outras pessoas de nossas vidas.

 

Viver um relacionamento é a prática constante da paciência, do ouvir, do saber colocar os seus pontos de um jeito saudável, do companheirismo e, sim, da independência também porque são sempre dois que nunca devem se tornar um.
 

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