Penso
que talvez valha a gente trocar o “ninguém é melhor que ninguém” pelo “as
pessoas precisam de ajuda e você também”. Parece mais atual, mais humano e
definitivamente mais usual.
Enquanto
uma amiga se separa do marido com quem teve um filho, outra assume um novo
desafio que a deixa um pouco insegura no trabalho, ao mesmo tempo que tem
aquela que está se sentindo perdida na vida sem saber sequer por onde começar. Amo
a outra que, depois de se separar e se jogar no app de relacionamento, deletou
o aplicativo e preferiu um pouco de recolhimento.
Um
com dificuldade financeira. Outro com grana sobrando e amor de mãe faltando. Há
quem viva na balada, quem prefira sua casa e quem só posta por fachada.
O
bem-estar não é um estado permanente. A consciência disso pode, sim, ser
constante e eficiente.
No
fundo, no fundo, ninguém está bem.
Se estiver, acredite, logo não vai estar. E a parte de não estar também vai
passar. A gente vive em paz quando temos consciência da impermanência.
Tenho
a amiga preocupada porque o namorado pediu demissão, mesmo que isso não precise
ter a ver diretamente a sua situação. Aquela que se ajeitou no desconforto do
trabalho atual pelo receio de aí fora estar tudo igual.
Quanto
a mim, passei por um período em que fui muito, muito ajudado. E assim tenho
observado e me esforçado porque está mais do que constatado: todos precisam ser
ajudados.
A
troca começa por reconhecermos isso para então sermos amparados e podermos
acolher ou, no mínimo, olhar para o outro com um pouco mais de esforço para
ouvir e ter algo de bom para oferecer.
Observo
isso até no trânsito. Há horários em que não se consegue entrar em uma
rotatória sem que alguém desacelere e segure o tráfego para você ter a sua
chance. O mesmo acontece em sinais de Pare em que, se não contarmos com a
empatia do outro, morremos ali parados. E assim devemos fazer o mesmo, tentar
segurar o que o outro precisar.
Nunca
ficou tão claro que não existe humanidade sem solidariedade.
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