Tem que deixar tentar

 

 

Quando a gente passa por uma situação bem merda, a gente tende a se prometer nunca mais cair na mesma merda. Mas quem diria que ia dar merda?

  

Volte e conte, quantas vezes a palavra merda aparece no primeiro parágrafo deste texto. Mentira.

  

Uma amiga, no olho do furacão da sua separação, fez o pedido no grupo de confidentes: “Gente, se eu começar algo assim de novo, por favor, me impeçam”.

  

Impossível, pensei. “Podemos tentar, mas você que tem que saber e se acontecer de novo, tudo bem também”, retruquei.

 

Em dos casos clássicos da vida a dois é o lance de morar junto ou não. Morei com três pessoas já. As duas primeiras por cerca de seis meses. A terceira durou três anos. Moraria junto com alguém outra vez? Não que eu queira, mas, sei que se bater aquela coisa louca de novo, pode acontecer e nenhum amigo ou familiar vai conseguir me parar.

  

Quando começamos algo assim depois de algumas experiências, a gente chega a racionalizar e até entende que vale a pena tentar. “Dessa vez vai ser diferente”. Sempre é. Mesmo que o resultado seja o mesmo: o fim da relação.

    

Hoje penso que morar junto não é para mim. Que dure muito, sim, e que seja cada um na sua casa até talvez irmos para o mesmo asilo.

  

Mas não adianta definir, cada um tempo o seu tempo para aprender e então decidir o que funciona ou não para si.

  

A gente tem total tendência a se repetir. Aí, sim, talvez valha olhar como sinais que te levam a – outra vez – cair.

  

É como dirigir mexendo no celular. Na primeira vez pode não acontecer nada. Na segunda, você vê que começou a invadir a outra faixa. Na terceira, que quase não viu o sinal já amarelo. Depois a traseira de outro carro que freou do nada. Até que você vai fazer merda. Sinais. Avisos. Resultado.

  

Para fora do carro, vale ter a família e os amigos ao seu lado para não dizermos que não fomos avisados. Mas isso não quer dizer que não faremos de novo torcendo com todas as nossas forças para que desta vez não dê errado.


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