Deu branco e a coisa ficou preta



Quanto mais eu meu olhava, mais esquisito eu me achava. Parado em frente ao espelho do banheiro, eu via fios de cabelos brancos nas laterais da minha cabeça e outros dois deles surgindo na minha barba, logo abaixo do queixo. Junto disso, meus olhos pareciam inchados, a pele caída, disfarçada pela barba. Nada me confortava. Por semanas, fiquei assim: pensar na minha aparência simplesmente me inconformava.

 

Nunca havia acontecido. Capricorniano que sou, minha autoestima, de 0 a 10, sempre ultrapassou a marca dos 50. Acontece que, quando fiz 35, alguma coisa me colocou em questionamento sobre a minha beleza. Louco pensar. Necessário encarar.

 

Meu humor, jeito de ser e coragem, seguiram intocados. Mas era estranho pensar, por exemplo, na minha cara, minha barriga e nos meus braços.

 

Compartilhei a sensação com algumas amigas e até a posição de Saturno e os eclipses da lua participaram da conversa em meio às explicações. “Tá todo mundo meio assim”.

 

Essa minha visão sobre mim, passou. Estou de volta ao amor próprio insuportável que sempre tive por mim, me achando extremamente lindo e interessante. Talvez tenham sido, sim, os astros. Mas eu mudei alguns hábitos.
 
Na conversa com outras duas amigas, à sarjeta de um bar enquanto elas fumavam foram da cobertura do lugar, me perguntaram que hora que eu senti que a coisa aprumou outra vez. Comentei que orei e me esforcei para mudar o que eu percebia que me incomodava. Inchaço? Peso? Aumenta o exercício físico e diminui a fritura. Cabelos e barba brancos? Capricha no estilo dos cortes e pensa melhor nas roupas, acessório e tênis que valorizem isso.

 

No geral, tudo melhorou quando eu apertei um pouco mais o laço da disciplina em volta do meu pescoço com coisas dedicadas a mim.
 
Já rolaram até uns olhares de paquera no almoço no shopping, na conveniência do posto. Nosso ego adora, né? A evolução do nosso amor sobre nós também.

 

No fim do assunto com as duas amigas no bar, uma delas soltou: “você vai ver quando tiver pelo branco LÁ EMBAIXO, aí é pra acabar mesmo”.
 
Não sei como vai ser, mas, por via das dúvidas, vou seguir fortalecendo minha autoestima e comprar um canetão preto de escrita permanente em caso de eu resolver tentar disfarçar o inevitável.

 

  



Comentários

Bete disse…
Não é fácil não, sempre me senti muito linda kkkkk alguém tem que sentir né kkkkk.
Mas ultimamente estou percebendo muito o peso da idade, mas...
Pelo menos estou envelhecendo e quero muito mais kkkk
Se cuida sim Matheus...e vc será sempre lindoooooo!
Matheus Farizatto disse…
Hahahaha Obrigadooo
Anônimo disse…
A máquina envelhece e está tudo bem!!
Você precisa de funcionabilidade, se um dia algo deixar de funcionar vc vai pedir o cabelo todo branco e o sobrepeso de volta no lugar de algo que realmente te deixaria para baixo!
Pense em "envelhecer" bem e tudo que é demais é sobra.
Nunca se esqueça de ser sua melhor versão de cada dia.