São mulheres

 


 

É difícil entender e até ajudar o outro, se não estamos no lugar dele, com toda a bagagem que ele possui. No caso, aqui, especificamente no lugar “delas”. Pensei em diferentes formas para começar este texto e essa é a melhor, afinal, por mais inconformado que eu fique com as coisas que eu vejo e ouço, e o quanto eu sei que mulheres podem ser incríveis, não sei como é viver na pele de uma delas. Mas, aqui está mais uma tentativa de apoio a elas e para quem está ao redor se esforçar para entender um pouco mais sobre o efeito de suas atitudes.

 

Junto do pedido para o texto dessa semana falar sobre “mulheres independentes” vem o recado, interpretado por mim, para um “até quando vamos ter que nos desgastar para podermos ser quem quisermos, ser?” – ou melhor: quem simplesmente somos.

 

É louco como a mensagem ganha ainda mais força justamente na semana em que uma amiga me confidenciou a dificuldade de lidar com o namorado e se fazer presente nas redes sociais – um mês antes, vi exatamente a mesma situação experimentada por outra mulher. Um cenário que, na verdade, presencio desde muito antes do Instagram, ainda em uma era quando o Facebook reinava absoluto. Um mala só deixava a foto de perfil da namorada ser com ele junto.

 

Especificamente sobre isso, fico pensando: qual é a desses caras? Insegurança? Carência? Porque é daí que vem essa necessidade de controle. É foda. Só Freud. Fico com a opção de, qualquer que seja a origem da postura tosca, se resume à necessidade que eles têm de ninguém poder chamar mais atenção que eles – especialmente quando esse alguém é uma mulher. Precisam se impor. Precisam se provar. Se apegam à burrice de (ainda) achar que nasceram para reinar.

  

Como eu disse no começo do texto, é delicado eu dizer o que fazer, mas, vou morrer pedindo que essas amigas e outras mulheres se imponham, jamais se diminuam – e sobre isso, eu posso dizer que tenho certo lugar de fala, sim – porque todo mundo que sofre algum tipo de preconceito pode passar a vida sendo pisoteado se não se colocar e se tratar com justiça e respeito.

 

A comunicação é sempre o melhor caminho, trabalho com isso, sei do efeito dela. Mas nem sempre é suficiente. É preciso agir. Mostrar e tentar e insistir no ponto de que não existe nada de errado em se fazer presente, por exemplo, digitalmente – ou em qualquer que seja a situação ou ambiente.

 

Quando as pessoas vão entender que todo mundo pode ser quem quiser desde que não prejudique o outro? E que, sobre prejudicar, cabe apenas a retirada do mesmo direito, não se encaixam birras e pedidos de atenção para mamar no peito.

 

Eu realmente imagino o quão desgastante é para uma mulher se colocar abertamente contra as convenções toscas impostas a elas.

 

As pessoas mais interessantes são as que são essencialmente verdadeiras consigo mesmas. Por isso, homarada, entre outras pessoas (porque mesmo algumas mulheres parecem não ajudar muito nessa tratativa com outras delas), deem espaço para que isso apareça em sua companheira, filha, irmã, mãe, tia, amiga, colega de trabalho. Deixa-as simplesmente serem quem são.

 

Deixe-as serem parte de um trisal. Solteiras. A favor ou contra sexo anal. Divorciada, “do lar”, recatada ou bem safada. Falarem sobre política e economia de um jeito genial ou comentarem sobre Friends de um jeito tão foda como tal. Para a surpresa de muitos, inclusive, tudo isso pode existir em uma mesma mulher.

 

A mulher, por si só, por sua biologia e anatomia, é fascinante por toda a sua versatilidade. Então, fabulosas, se imponham e quebrem qualquer molde que possa tentar ser colocado sobre você pela masculinidade ou qualquer outro tipo de fragilidade.

 


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