Eu só me exercito por dois motivos: 1. Se eu precisar correr da porta do
carro até a porta do bar durante uma chuva forte, eu não gostaria de enfartar sem
tomar pelo menos uma cerveja. 2. Conseguir andar pelo shopping e subir uma
escada enquanto converso com a minha mãe ao telefone sem deixar um metro de
língua caída sobre os meus pés (é só para o caso de ligações com a minha mãe
mesmo porque quando é minha irmã, por exemplo, não preciso me preocupar com
isso porque só ela fala rindorindorindo. Há poucos anos atrás, tinha o terceiro
motivo que seria não morrer durante uma boa “coisada” – você sabe do que estou
falando, vai... – mas depois que a gente casa, o único esforço que fazemos a
dois é o estender e guardar a roupa richorandorichorando.
Gente. Chega aqui pertinho, deixa eu falar uma coisa pra você...
Quais-as-chan-ces? Fala pra mim.
A gente joga em doze pessoas e ali, compartilhando daquela mesma areia,
tem outras três quadras, o que pode chegar a quarenta e oito pessoas. E quem
pisou na abelha foi só o Vini, duas vezes e em lados diferentes da quadra.
No outro dia de manhã, mandei uma mensagem para ele querendo saber qual
a filosofia que ele via junto dessa situação. Ele respondeu serenamente e
risonho como sempre é: “Não pensei sobre isso, amigo. Aconteceu, me preocupei
na hora com o que era, mas quando vi que era abelha, simplesmente aceitei e
segui”.
Gente. Como faz para chegar nesse nível de paz? Hoje me considero mais
pleninho no jeito de ver aleatoriedades da vida como essa (apesar de ainda
achar que, não neste caso, mas em muitos outros, coisas acontecem por alguma
razão), porém, tempos atrás eu já ia achar que aquilo era um recado do universo.
Que pisar na abelha aconteceu para me distrair e eu não jogar tão bem. Ou para
distrair quem estava em volta e eu jogar ainda melhor marcando pontos em cima do
adversário. Que se eu pisei em duas abelhas, com os dois pés, em momentos
diferentes de diferentes quadras, ao sair do jogo algo poderia me acontecer
dirigindo de volta para casa. Pirava. Pensamentos ainda batem aqui, mas agora
eu os controlo rindosemmedicamentorindosemmedicamento.
A resposta do Vini mexeu comigo sobre o quanto é importante simplesmente
aceitarmos algumas coisas. Não se trata de não agir ou viver igual uma
samambaia diante dos acontecimentos, mas de realmente entender que coisas como
essa acontecem e tátudobeyn. Dor que passa. Jogo que segue.
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