Você busca fora para não encarar aí dentro

 


Entrei no carro sem saber para onde ir. Precisava comprar uma pedra turmalina azul - “precisava” rsrs. Junto dela, também tinha que passar a conhecer a oração de São Miguel Arcanjo e um Salmo que eu não me lembro mais o número. Lembrei de uma loja holística onde já havia comprado incenso no shopping e para lá eu fui. Comprei. Conheci. Usei. Repeti. Dia após dia.

  

Ritual que seguia. Vida que não resolvia.

  

Mais de ano depois disso, hoje não sei onde está a tal pedra e me dedico às orações ao meu modo. Sem muito roteiro, agradeço, reconheço, encaixo um Pai Nosso e noite que segue.

 

Já paguei para lerem as cartas para mim, usei de outros símbolos como a tal pedra aí de cima, simpatias e muito mais ao longo desses 35 anos. Faltando apenas 26 dias para eu completar meus 36 anos, entendo melhor o quanto a gente busca fora o que não encontramos – ou evitamos descobrir e resolver – em nós mesmos.

 

Esses símbolos, práticas e até as doutrinas devem servir como muletas para quando não conseguimos andar sozinhos, mas, tudo funciona muito melhor quando caminhamos sem eles, centrados em nossas próprias capacidades. Mas quem nos motiva a isso se há tantos produtinhos que podem render um dinheirinho?

 

Se a gente fosse ensinado sobre como as respostas estão todas na gente, as igrejas não lucrariam milhões – ao mesmo tempo, precisariam nos ensinar um pouco mais sobre a coragem para enfrentar o que for preciso para vivermos de acordo com a nossa essência, se não, de nada adiantaria nos aproximarmos dessa descoberta.

 

É possível encontrar a plenitude na infinidade de nós mesmos. As falhas que sentimos e buscamos preencher é a falta que temos de nós mesmos, dessa intimidade e entendimento sobre a gente.

 

Definitivamente o maior desafio dessa vida é descobrir quem somos e vivermos plenamente de acordo com isso. É simples, sim. Mas leva tempo e trata-se de um aprendizado – e vigia – constante. Se você não se forçar a situações com as quais você não concorda ou não identifica, já é um bom começo para viver um pouco mais verdadeiramente consigo mesmo. Se você conseguir ficar em paz – em paz mesmo, não ressentido ou de pirraça com o mundo – no silêncio da sua própria companhia, isso pode te curar mais rápido que terapia, te ensinar mais do que a busca por novas leituras, áudios, vídeos e cursos em meu a essa sua tal correria.

 

Nota: o título deste texto poderia fazer dele uma leitura direta sobre traição nos relacionamentos ou a busca por recursos para conseguir encarar a infelicidade de um emprego ou qualquer outro tipo de relação, o que também não deixam de ser mais algumas das muletas que as pessoas usam para terceirizar a responsabilidade de resolver o que é preciso para viver de acordo com quem elas são, né?

  


Comentários

Bete disse…
Verdade...tudo certo se a gente estiver certo disso kkkkkkkkkk
Beijos...ótima leitura...obrigado ❤️