As pessoas me reconhecem principalmente por três tons de voz: o
desanimado, o de professor (termo usado por uma delas para o áudio no WhatsApp
quando pego para explicar como analiso – serenamente - alguma situação) e o de
capeta no corpo (geralmente impaciente, composto por vários “AH TENHA DÓ...
usados para dar uma LAVADA na pessoa sempre preciso – notou as letras
maiúsculas, né?).
Na última vez que usei este último foi em uma conversa com uma amiga que
queria saber se o cara enviou o link de um vídeo só para ela ou para várias
pessoas.
EU: Que diferença faz?
ELA: Quero saber se foi só para mim ou para outras pessoas também para
ver como eu vou responder...
EU: AH TENHA DÓ! Responde logo conforme você tem vontade, com o que você
diria independentemente disso.
Algo assim. Que, para mim, cai naquele esquema de joguinho – definição
minha - para o qual não tenho paciência e que frequentemente acontece quando
estamos conhecendo alguém.
“Não queria te assustar”, também cheguei a ouvir de um lindo depois de
uma confissão nos primeiros dias de trocas de mensagem.
É por não querer assustar que, muitas vezes, a conexão não acontece,
ficamos na superficialidade, no receio, no medo e assim vamos repetindo este
comportamento para uma fila de pessoas e situações.
A gente planeja, arma a estratégia e age conforme não somos
verdadeiramente, como se estivéssemos em uma entrevista de emprego com medo de
perde a vaga.
Para quê? Se você se mostrou e outro arregou, ele que lute. Próximo. Não
era para você.
Por excesso de tato, zelo, cuidado, as pessoas poupam as outras e, acima
de tudo, poupam a si mesmas. Evitam se abrir, fogem de uma possível rejeição,
da mesma forma que se privam de uma possível aceitação de um jeito muito mais
aberto, puro, gostoso, apaixonado, real e sincero.
Anota aí. Tudo o que decidimos e agimos acontece com base em apenas dois
sentimentos: o medo ou o amor.
Querer saber se a mensagem foi só para você ou não, para pensar melhor
na sua resposta, é uma reação conduzida pelo medo. Receber aquele link e já
querer agradecer por ter sido incluída em um pensamento do fofo é um
comportamento regido pelo amor.
O amor realiza. O medo limita.
E assim é com tudo, de uma reação que escolhemos esconder a um emprego
infeliz que escolhemos continuar. Comece a reparar nisso e, pouco a pouco,
passe a escolher cada vez mais por aquilo que te provoca o amor e, com ele, o
sorriso, o entusiasmo, a realização de ser tudo o que você realmente é.
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