Tá perigoso aí fora

 


 

Depois de oscilar muito sobre ir ou não ao jantar na casa de uma amiga na sexta, fui e foi ótimo. Quando se está triste, a companhia de outras pessoas pode ser um delicioso apoio ou um amargo desânimo.

 

No sábado, me arrumei feliz para um aniversário e, ao sair de casa com o meu carro, depois de ter andado apenas três quarteirões virei para minha direita enquanto um menino de bicicleta fazia a curva para a sua esquerda, para a sua contramão. Ele sumiu embaixo do carro numa velocidade surreal, tombando com a bicicleta e chegando aos pneus.

 

Desci do carro no automático, enquanto a cabeça seguia a mil com pensamentos como “o que aconteceu, Deus permita que ele esteja bem, isso aconteceu mesmo, essas pessoas vindo no nosso rumo vão me linchar?”.

 

Graças a Deus, antes mesmo de eu chegar à frente do carro, ele se levantou, junto da bicicleta sem nenhum arranhão. Já a bike, toda torta enquanto a minha tentativa de levá-lo para casa ou a um hospital sequer fazia efeito para ele que só respondia “Tá de boa, chefe, fica de boa, tô de boa”, enquanto saía arrastando a bicicleta que dava quatro do tamanho dele. Devia ter de nove a onze anos.

 

Surreal.

 

No aniversário, relaxei e aproveitei. Na volta para casa, no fim da noite, meu pnseu do carro estourou. (rindo de lembrar da sequência no dia, depois de uma sequência de aborrecimentos durante três semanas).

 

Está perigoso aí fora. Não só pelas curvas na contramão, pessoas que seguem em alta velocidade ignorando o sinal de Pare ou ultrapassagens loucas de motoqueiros e carros que não usam suas setas, mas pela falta de otimismo e esperança nas pessoas.

 

Uma amiga disse que aprendeu a não criar expectativas para não se magoar. Utopia. Só respondi: que pena. De repente coisas vão mudar, alguém vai te desapontar, a pessoa amada vai se desinteressar, surpresas desagradáveis vão simplesmente brotar. Desista de tentar evitar ou se poupar, entender ou explicar.

 

Ao mesmo tempo que é tentador nos fecharmos em nosso quarto com nossas séries e livros, supostamente tendo o controle de tudo, nos fecharmos para as experiências é uma limitante dependência.

  

A vida é boa? Hoje faço um esforcinho extra para marcar a caixinha do SIM. Ela só não é fácil, isso realmente não é. O lance é que, diante dessas dificuldades, sempre podemos ver o lado bom, o aprendizado, a evolução e saber que, em meio a isso, sempre virá um novo sorriso, talvez com um gostinho ainda melhor que muitos outros que vieram antes.


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