Quando trabalhei no Mc Donalds, me perguntavam se eu enjoava de comer as coisas de lá. A resposta era não. Continua sendo não. Vez ou outra minha bandeja se junta com a de uma amiga durante o almoço no shopping, no centro da cidade.
Com o meu escritório ali perto, fica fácil, principalmente quando alguma vontade bem específica de consumir algo da marca do palhaço ruivo bate do nada. A última delas, um desejo louco de tomar a coca-cola de lá. Naquele copo, com aquele gelo, nesse calor de Ribeirão Preto que não surge só quando temos vontade.
Ao selecionar a bebida no totem do autoatendimento, vi o preço: R$ 8,90. Comprei. Biquei. Antes do segundo gole tão perfeito, me veio um pensamento daqueles que a gente luta para serem desfeitos. “Nossa, Matheus, oito e noventa num copo de coca? Dava para comprar muito mais coca-cola com esse dinheiro”, me alertava a voz do meu pai.
Fiz minha vontade e senti exatamente o que eu esperava sentir com aquela experiência. Valeu.
Mas me peguei olhando para como esses pensamentos originados na criação que recebemos podem nos limitar. É importante que, em algum momento, a gente tome consciência deles e entenda que eles não nos definem e, sequer, são nossos.
É quando repetimos padrões bobos sem nos darmos conta. Quando nos comportamos de um modo que não necessariamente somos.
“Muito caro. Muito longe. Muito tarde. Muito cansativo”. Sai, sai, sai (risos).
Agora o que me impressiona ainda mais que esses pensamentos são nossas atitudes resultadas de coisas que vivemos e que pode ser que a gente nem as perceba.
Pouco antes de começar a escrever este texto, conversando com uma pessoa que estou conhecendo, comentei que me coloco algumas regras no jeito de me relacionar que são desnecessárias e até sem sentido, mas que é difícil evitá-las. “Não são regras, é barreira que você põe para não se machucar”, comentou em resposta.
A frase por escrito no meu celular veio como um copo de refrigerante gelado servido com gentileza, como que um pedido que eu não fiz, mas que eu precisava para me colocar para pensar em algo tão real e que eu não tinha notado.
Será que, se tratando de relacionamento, eu tenho deixado de realizar meus gostos por achar que eu posso pagar caro demais?
A partir disso, eu acho que o que me resta fazer é permitir que eu seja lido com todos os itens do meu cardápio, com todos os preços que vêm com comigo e o reconhecimento de alguns descontos que, pouco a pouco, descubro o quanto eu preciso.
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