Ainda estou tentando descobrir como ele faz isso. No dia seguinte ao que o conheci na balada, ele mandou um parágrafo de mensagem me descrevendo incrivelmente bem. Semanas depois, o encontrei para um Oi às 23h30 de uma quinta-feira, depois de eu sair de um bar que estava com uma amiga.
"Não achei que você viesse. Eu já pensei que você diria: 'ah, não, hoje já está tarde', 'amanhã eu acordo muito cedo', 'já vamos nos ver no domingo'".
Essa sequência de afirmações sobre mim conseguiu ser ainda mais assustadora do que a primeira descrição feita depois de apenas me observar por algumas horas naquela primeira noite.
Geralmente eu responderia exatamente isso se alguém me falasse para dar uma passadinha em sua casa numa quinta à noite depois de um compromisso.
Alguém ler a mim dessa forma tão facilmente, me colocou para pensar sobre o quão difícil pode ser conseguirmos ler a nós mesmos e, principalmente, conseguir quebrar regras bobas que nos colocamos, que nos limitam, nos privam de tanta coisa boa.
Se me perguntassem há um ano o que eu mais desejaria para alguém, eu responderia: paz. Mudei. Porque para se chegar ao estado de paz, antes é preciso ter coragem e isso está em falta nas pessoas.
Te desejo coragem até para mudar de resposta. Mudar, de toda forma, exige coragem.
Enquanto escrevo, uma amiga acaba de viver seu primeiro voo de balão. Ontem, enquanto conversávamos, ela comentou a preguiça de ter um compromisso ainda antes de o sol surgir em um domingo. Há pouco, vi suas fotos durante o passeio e a carinha dela entrega o prazer resultado da sua coragem e do sentimento de ter visto o sol nascer enquanto voava acima da linha do seu surgimento.
Mais que a coragem de voar - ela estava com um certo medinho disso rsrs -, ela teve coragem de quebrar uma convenção para viver isso.
Esta semana vi um vídeo de uma mulher que trabalha como caseira em uma chácara e começou a fazer sombrinhas de crochê. Ponto a ponto, ela constrói imagens lindas que preenchem teto do guarda-chuva quando aberto, cobertas por um plástico que protege a arte e a pessoa que o usa quando chove. É lindo. É pouco convencional. Corajoso. Custa 300 reais cada e tem fila de espera para comprar.
Enquanto isso, o ranking da falta de coragem nas pessoas é liderado por este TOP 3: permanecer em relacionamentos falidos, sofrer a cada domingo pelo desgosto do emprego e a dificuldade de dizer não para as pessoas por medo de desagradar.
A vida que você quer ter depende da pessoa que você se dispõe a ser.
É preciso coragem para vivermos tudo que somos e para descobrirmos tudo que ainda podemos nos tornar.
A base para a existência da coragem vem do amor-próprio. Pois é preciso se apegar principalmente a si mesmo para experimentar aquilo que pode não funcionar.
Mas para que a coragem seja colocada em prática, é preciso o desejo de mudar, de experimentar, de se expandir. Isso pode vir de você mesmo ou da provocação que algumas situações e pessoas causam na gente.
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