Quanto tempo

 



Para a maioria das pessoas, nada é mais aterrorizante que não sabermos quanto tempo ainda temos nessa vida. Para mim, esse entendimento e a lembrança diária que faço a mim mesmo sobre isso são o maior presente de estar aqui.


Por isso, valorizo a possibilidade da chegada de cada novo segundo de vida.


O valor que colocamos no tempo depende do valor que colocamos em nós mesmos.


Se você não valoriza a si mesmo, que valor vai ter o seu tempo de vida?


Toda semana vejo casais fazendo conta do tempo que estão juntos versus o tempo que - acham que - ainda viveriam sem o relacionamento fracassado em que se encontram.


Nessa matemática em que a fórmula envolve conveniência e covardia, a maioria desses casais acredita ser vantagem seguir infeliz.


A conta é simples, mas interpretar o resultado dela exige um entendimento sobre o valor do tempo, uma disciplina em que muita gente está atrasada.


Se você tem 50 anos, está casado há 20 e completamente frustrado, vale a pena terminar o matrimônio sem saber quanto tempo de vida você ainda teria?


A minha resposta é: sim. Se já tentaram de tudo e nada muda, mesmo que eu tivesse mais um dia de vida fora dessa frustração, que fosse um dia da minha paz e realização, valeria muito a pena.


Anota aí: só de nos livrarmos de algo que não faz sentido para a gente, já valeria muito a pena. Ponto.

Mas, as pessoas adoram problematizar aquilo que não precisa, se apegar a dilemas que não existem e, a cada oportunidade que possuem, dizer: "não é tão simples, não dá para eu fazer nada". Se não pode ser da forma simples, vou elaborar mais o exemplo.


Se você tem 50 anos, há grandes chances de você viver, pelo menos, mais 25. Então, vamos lá: se está casado há 20 e vivendo infeliz, você prefere viver mais outros 25 anos nesse estado de frustração, reclamação e infelicidade?


Pelo amor de Deus, gente. Pe-lo-a-mor-de-De-us rsrsrs.


Será que esse texto precisaria sem um vídeo para, talvez, as pessoas entenderem melhor o peso desse desperdício de vida?


Outro exemplo.


Eu pedi demissão de um emprego com registro em carteira e cargo de liderança depois de 10 anos de casamento com a empresa. O motivo: aquilo não fazia mais sentido para mim.

Ficar pelo FGTS? Pelo convênio? Pelo status que a sociedade valoriza? Não pedir demissão para não perder multa de sei lá quantos por cento?


Oi?


Eu decidi sair por mim. Pelo meu tempo de vida e tudo que eu poderia viver fora daquela frustração. Precisa de mais que isso?


A verdade é que, no dia a dia, casais ou não, as pessoas mudam a ordem dos fatores para que o resultado da conta seja em favor da justificativa em vez da iniciativa. É o que dá menos trabalho.

Mas fazer bom uso do tempo de vida que temos exige, no mínimo, vontade de viver.





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