Sim, em 15 anos escrevendo para o blog este é o título mais bizarro que já publiquei. Para continuarmos, você precisa interiorizar que a palavra peido não é estranha, é comum, até bonitinha em sua escrita. Repete comigo: peido. Pronto. Viu? Porque ela vai aparecer algumas vezes neste texto e não precisa te causar desconforto. Peidar é normal, mas, meu ponto aqui é refletir sobre como esse verbo pode levar um relacionamento ao final.
Era
uma vez um casal que se beijava todos os dias, carinhosamente. Ao descer do
carro depois da carona até o trabalho, ao dizer “Oi” seguido de “Como foi seu
dia?”, ao perguntar se o outro gostaria que trouxesse algo do supermercado no
momento em que saía para as compras.
Um
dia, um deles peidou e pouco a pouco, esse carinho terminou. Não sabem dizer o
que aconteceu, só não se beijavam mais, não dormiam mais abraçados ou tomavam
banho juntos. Se perguntarmos, os dois igualmente não se lembram daquele peido
que um soltou confortavelmente ao lado do outro, mas sabem que a conexão com o
que peidou simplesmente acabou.
Eu
estava no quarto vendo tv com meu namorado quando ouvi um... Pró. Virei para
ele inconformado: “Você peidou?”. “Desculpa, eu pensei que não ia fazer barulho”.
“Uai, não ia fazer barulho e você ia peidar comigo do lado, mesmo assim?!”.
Depois de quase três anos juntos, ouviu
uma palestra muito mais extensa e intensa que qualquer TED Talks ou podcast. No
resumo, eu disse: é assim que os casais começam a se acomodar e a se distanciar.
Tive
que falar! A gente precisa cuidar para que a rotina não nos coloque nessa
situação de desconexão. E o jeito é corrigir assim que acontece.
Claro
que meu namorado já deve ter me ouvido peidar aos montes enquanto durmo. Eu também ouço
as bufas inconscientes dele. Normal. Natural. Mas enquanto acordados, não dá
para deixar folgar. Levanta, vai até o banheiro, libera a pressão e volta.
Tem
gente que acha nada demais. Mas eu não me lembro de um caso sequer sobre, nos
primeiros encontros, na fase da conquista, um peido ter sido dado, compartilhado e celebrado.
A
conquista, o respeito e a dedicação devem ter presenças diárias em uma relação.
Há
casais que usam o banheiro de porta aberta. Que, enquanto um manda ver no
número dois sentado ao vazo, o outro toma banho ao lado falando sobre algum
caso.
Pra
mim, não dá. Assim como é impossível viver de arco-íris e perfume de rosas o
tempo todo. Mas eu acho que, o mínimo, é preciso pensar sobre o que o peido que você
propositalmente soltar pode começar a desencadear. Que um dia acabe a paixão ou
até mesmo a relação, mas jamais a admiração.
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